Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

- - --- - - - ------== - -=== = = = ====---~'!'!!'!!!!!"!!!"""!"!'!!!"""'""""!~~..... =~= REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS de poeta. Sem ritmo não existe poesia, como impossível é a poesia r,cm se1-.timcnto. Por isso mesmo é que o modernismo teve os per– calços, encc,ntrou bnrreiras, provocou dissenções entre os seus pró– prios adeptos e seguidores. * * * No meu entender, afirmo que poesia depende de vocação. A arte nasce na hora em que o homem respira vida. O artista não se fabrica. Nnsce feito. A poesia é dom. O poeta tem de receber o toque divino para transmitir a sua mensagem, seja ela parn::isiana, simbolista, mouerna, futurista ou outro nome que lhe (}Ueirnm dar. A única coisa que a vida, pela cultura e pelo estudo, pode dar ao p oetn. e ao :ntista, é o aprimoramento. Assim 6 em tôdas as p rofis– sões. E aqui vale recordar o que nos conta um catedrático da UnL versicl.nde ele Colômbia, em Nova York, no livro "A arte de ensinar", salientando os valores humanos da educação. Numa excursão, Tos– canini, certa vez, chegou a uma nova cidade para reger uma orquestra, com a qual nunca antes tivera contacto. Principiou com Semiramis. DE>pois de alguns minutos, reparou que o primeiro violino o encarava com uma estranha expressão. O homem tocava regularmente br.m o violino, mas sua fisionomia revelava aborrecimento, e quando virava a fôlha da partitura para atacar um nôvo trecho fazia caretas corria se sentisse alguIY1a dor . Tosra..11ini. impressionado, fez para a orquestra se Séntisse algumP. dor. Toscanini, impressionado, fez parar a or– questra e perguntou : Está v. acaso doente? - I nstan tãneamente. a fisionomia do mú:sii:-o Yoltou ao natural. "Não obrigado. Sinto-me perfeitamente bem, sr. maestro. Continue, por favor. - Muito bem, se· me assegura, vamos ediante". E a orquestl'a prosseguiu Mas quando Toscanini lanc;ou os olhos para o primeiro violino, viu-o pior que dantes. Tinha e face tôda retorcida para um lado, os dentes apare– ciam entre lábios r aivosos e a testa sulcada -por profundas ruga,;;. Suav::i. e ofegava ele fazer nó. "Um minuto. por favor, sr. primeiro violino. O sr . parece realmente doente. Quer ir para casa ? - indagou Toscaruni - Não, não, não, sr. Tosca.nini, por favor, .continue". "Mas eu insisto, disse Toscanini. E acrescentou : O_sr. parece realmente doente. Não gostaria de repousar um pouco ? - Não, aão estou doente, respondeu o primeiro violino. Então, que é que há? V. t.em um olhar terrível e não esconde caretas de dor. Deve estar certamente sofrendo''. Num desabafo de homem que se sente livre, transbordando de felicidade, disse, incisivo, forte, sincero, o primeiro violino : "Para -44 - fJ • - - - - - ---- - - - -

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