Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• • • REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS no Brasil uma outra Arte, isenta de modelos estrangeiros, livre de imitações escolásticas, independente no sentido amplo da palavra _ REGIONAL - plasmando a vitalidade de uma raça". E arrematava : "Se o que vemos,. a cada instante, atulhando as prateleiras das livrarias (já era, reparem, a desaprovação do povo a muitos escritores que surgiram no Brasil, a maioria escrevendo errado para ser moderno), não é a realdiade almejada, ainda não preenche a lacuna que o nosso Ideal culmina, dá-nos, contudo, a satis_ fação de que muito se há feito para libertar-nos dêsse feio vício de copiar o que é al11~10. E por essa razão, a BELÉM NOVA dá gua– rida em suas colunas -a gregos e troianos - novos e velhos - até que desta Babel de pimsamentos surja a escola de que carecemos". E no mesmo número cinco, em página de honra, publicava um sonêto clássico de Dejard de Mendonça, dizendo : "O sonêto que ilustra esta página, obra de perfeito acabamento clássico, vale por uma afirmação eloqüente de talento e de estesia elo autor de "Evan– gelho de meu filho". De fato, os modernistas do Pará não eram tão violentos, t ão iconoclastas, tão destruidores como os do sul, que a tudo queriam destruir e arrazar, inclusive com o valor imortal de Coelho Neto, de Olavo Bilac e tantos outros, que até hoje desafiam o tempo e os séculos. * * * Há 48 anos, com a Semana da Arte Moderna, inaugurou-se no Brasil o que se decidiu chamar "o modernismo brasileiro", que designa as correntes de reação contra o parnasianismo e o simbolismo re1·a r– dários, correntes estas posteriores ao "modernismo espanhol", origi– nário da Hispano-América e surgido por volta de 1880, o qual, sob a influência do parnasianismo e do simbolismo, e dêste mais elo que daquêle, introduziu uma sensibilidade e uma técnica novas na poesia de língua castelhana, na opinião de Manuel Bandeira. Já Tristão de Ataíde, em artigo publicado no "Diári<? de Notí– cias" do Rio, conta que, em 1913, em Paris, Graça Aranha aconselhava 8 renovação para a literatura brasileira que estava morrendo de aca– demismo. Exclamava Graça Aranha: "São os mesmos sonet0s, os mesmos romances, os mesmos elogios, as mesmas descomposturas, que ouço desde os tempos da fundação da Academia Brasileira de Letras, quando J osé Verfssimo não queria me deixar entrar e Nabuco forç0u a minha entrada. É preciso reformar aquilo tudo. D.ar viela àquele cemitério. Vocês são moços. São estudant es. Agitem a esco- - 41

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