Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS tindo nenhum constrangimento ou dificulc;iade em opinar sôbre o Modernismo e seus líderes, revela - e que revelação importante ! - uma lembrança de um movimento de província, que o Rio desconhecia completamente e que iôra anterior ao Modernismo. Refere-se êle ao movimento do grupo da revista "Efemeris", editaàa em Belém, chefiado por Lucídio Freitas, Tito Franco, Dejard de Mendonça, Alves de Sousa, e que representou uma corajosa e afoita tentativa provin– ciana de renovação literária. E arremata Peregrino Júnior : "Quem compulsar a coleção de "Efeméris" - até materialmente original, discreta, diferente - verá que o "grupo paraense" merecia a atenção dos críticos e dos histo– l'iadores literários do nosso tempo. J!:sse movimento, de resto, mos– trava como as sementes do· Modernismo estavam sôltas no ar, h á · longo tempo, esperando apenas condições adequadas para germinar e_frutificar ..." Pelo visto verifica-se que o movimento modernista antes de evoluir e revolucionar a literatura no sul do país já fervilhava no Para. Isso prova que o nosso Estado nunca estêve atrelado a carros de bois. *** Não foi sbmente o movimento da Efemeris, em 1916, que existiu no Para. Sete anos depois, movimento de maior envergadura surgiu no nosso Estado, certamente influenciado pelo movimento dominante no sul e já pràticamente vitorioso. Chefiava-o Bruno à e Menezes, o grande e inesquecível poeta de "Batuque", autêntico líder de todos os movimentos literários registrados no Pará daquela época até ao ano de sua morte, em 1962, morte ocorrida quando êle, ao lado dos mais novos, brilhantes e lúcidos componentes do Clube da Madrugada, tomava parte no Festvial de Folclore do Amazonas. Br uno de Mene– zes sbmente não participou de um movimento literário - o concre_ tista - que morreu ao nascer, porque na verdade não expressa poesia, não exprime sentimento, é sêco, é árido, mecânico, maquinal. E a máquina, segundo Cassiano Ricardo, pode fazer tudo menos poesia. E afirma : "A máquina faz tudo. o cérebro eletrônico, a máquina de analisar textos, a máquina de traduzir uma ou várias línguas, a máquina que envia mensagem a outra máquina, etc., fazem mais qu8 o próprio homem. Que é que a máquina hoje não faz ?" E Cassiano Ricardo responde: O POEMA. Mas já se admite que o 'fenha a fazer e o mais curioso é que são os próprios poetas que assim pensam . E explica o autor de "O Sangue das Horas" : mesmo que uma - 39-.

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