Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS faço e a té mesmo no que penso. Nunca tomo uma a titude sem entes consultar o travesseiro, que é o melhor conselheiro. Foi a cxperiêvcia que me inúicou o caminho certo, consulis tanciado em três pontos : ver, ouvir e p ensar. E falar sàmente depois de p esar os prós e os contras. Quando jovem - hoje carrego nos ombros meio século de vida, a metade dêle dedicado à vida literária de minha terra mais do que aos meus sonhos literários - quando jovem, repito, fui sempre do contra. É próprio da mocidade ser do contra. Muitos erros cometi, mas como êles me ensinaram a ser prudente, coerente e recuar, quando as verdades não nos acompanham ! H.ecebam estas primeiras palavras como o cons'elho sincero de um homem experimentado, que foi boêmio incorrigível, que combateu o lirismo e acabou se convencendo que "deixar de ilµdir-se é deixar de viver um mundo novo de ilusões desperta eni cada mundo de ilusões que morre". Por isso mesmo não embarquem nunca na pri– meira condução que lhes fõr oferecida. ·O meio século de vida já palmilhado, com muito pranto chorado sem mãos amigas para enxugá-lo, me permitem falar com voe:ês assim, francamente, com a experiência de quem sabe o quanto a dor ensina e o quanto sàmente a verdade engrandece o caráter do homem e o credencia ao respeito da coletividade. Não devem, portanto, vocês, apoiar o primeiro grito de arrasa tudo, quando o entusiasmo domine o explendor da juventude radiosa. É conveniente refletir. Admito que não serei minucioso na palestra que farei. Mas serei honesto. Não me foi possivel consultar todo o documentário do movimento modernista no Pará e no Brasil. O fator tempo, pelas razões expostas, conspira contra todos os meus planos literários, há mais de dois anos. *** Peregrino Junior, em ensaio que o Serviço de Documentação do Ministério da Educação editou em 1956, institulado "o movimento modernista", ao confesi.ar que não tomou parte na Semana de Arte Moderna, porque nunca foi ovelha de nenhum rebanho, diz que foi um a rdente torcedor do modernismo. Revele que foi Manuel Ban– deira o precursor do movimento modernista, enquanto Aníbal Ma– chaqo exprimia na concisão de uma fórmula a linha geral da a titude modernista: "Nós não sabemos exatamente o que queremos, mas sabemos mUito bem O que não queremos". Salientando ter sido testemunha dos acontecimentos, não sen- -38- )

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