Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• REVISTA DA ACAD EMIA PARAENSE DE LETRAS de quem sabe o que quer : "O primeiro dia do ano é o Dia Mundial de oração pela paz e de reflexão sôbre a paz. Não uma paz..palavra– -apenas. A paz não é canto angelical perdido nos arredores de Belém. Paz também não é o mêdo impôsto pelas armas ou pela espionagem. De paz vivem falando os opressores, quando tôda a opressão, todo e qualquer tolhimento da liberdade humana é germe de revolta e, por– tanto, impedimento para a paz" (CIC, Editôra Vozes Ltda., 862, 28.12. 1968). É confortador assinalar, neste momento, a coerência da Igreja Católica na luta pela paz universal, alicerçando-a sempre nos postu– lados indeclináveis da justiça e do amor. A paz é o ideal supremo dos homens. Paz nest~ mundo de an– gústias . Paz na Eternidade . Paz interna na consciência pessoal de cada um de nós. Paz no seio de nossas famílias e no convívio de cad::i povo. Paz na comunidade universal. A paz, no entanto, é impossível, se a humanidade, em mai:;; ·à e ãois têrços de seus membros, continuar sofrendo as agruras da fome. A fome, em seu tríplice flagelo : física, intelectual, espiritual. Fome que mata .o corpo, entorpece a inteligência, desorienta o espírito. A fome não é causa. É efeito. Necessário se torna aniquilar as causas da fome, permitindo, assim, que a paz impere no universo. A diretriz a seguir é a prática sincera da verdadeira Justiça 3ocial, haurida nas páginas salvíficas do Evangelho, através dos en– sinamentos confortadores da Igreja de Jesus. O Cristo náo pode realizar-se no mundo de hoje sem a conquist a da paz. que se não ambienta em multidões humanas esfoimadas, inca– pazes de um ato de inteligência e de vontade, no sentido de um desi– derato superior, que deve estar ao alcance de todos os homens : o de s er alguém. É ensinamento do Mestre Divino quando, ao contemplar a multidão, que o acompanhava, para ouvir palavras de salvação, disse aos Apóstolos : "Tenho compaixão dêste povo, por que há três dias que não se afasta de mim, e não tem o que comer" (São Marcos 8, 1-9). Monsenhor Luiz Gonzaga Lyra, analisando esta impressionante passagem do Evangelho de São Marcos, traçou êste comentário opor– tunissimo : "Tenho compaixão dêste povo - esta expressão é só de Jesus. Nenhum filósofo teve tal sentimento de piedade. A palavra é dêle e dêle será para sempre. Foi a palavra que despertou no povo o senso da fraternidade e, através dos tempos, a semente de obras admiráveis. Como as turbas solicitas do deserto, sigamos com fer vor -25-

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