Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ração de uma ordem justa, afirmando, em tom paterno, dêle peculiar, que "a paz permanece vazia de sentido se não se funda na ordem que, com confiante esperança, esboçamos nesta Nossa Carta EncL clica : ordem fundada na verdade, construída segundo a justiça, ali– mentada e consumada na caridade, realizada sob os auspícios da liberdade" (Pacem in Terris, 167). A II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, reuni– da em Medellin, apresentou as "três notas que caracterizam a con– cepção cristã de paz: 1) a paz é, antes de tudo, obra da justiça (GS 78). Ela supõe e exige a instauração de uma ordem justa (PT 167, PP 76), na qual os homens podem realizar-se como homens, onde sua dignidade seja respeitada; suas legitimas aspirações satisfeitas, seu acesso à verdade reconhecido, sua liberdade pessoal garantida. Uma ordem na qual os homens não sejam objetos, senão agentes de sua própria história. Onde existem injustas . desigualdades entre homens e nações se atenta contra paz (mensagem de Paulo VI, 1.1. 68); 2) A paz é, em segundo lugar, um trabalho permanente (GS 78). A comunidade humana realiza-se no tempo e está sujeita a um movi– mento que implica constantemente mudança de estruturas, transfor– mações de atitudes, conversão de corações; 3) A paz é, finalmente, fruto do amor (GS 78), expressão de uma real fraternidade entre os homens. Fraternidade trazida por Cristo, Príncipe da Paz, ao recon– ciliar todos os homens. A solidariedade humana não pode realizar-se verdadeiramente senão em Cristo que dá a Paz que o mundo não pode dar. (cf. Jo 13,27). O amor é a alma da justiça. o cristão que traba– lha pela justiça social deve cultivar sqmpre a paz e o amor em seu :!Oração" (SEDOC, Editora Vozes Ltda., vol. 1, novembro 1968, fac. 5, págs. 676/677). Na alocução de abertura da referida II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, Paulo VI apostolizou, em têrmos de verdadeira elevação evangélica : "A Paz ! Bem recordais o enorme interêsse que a Igreja tem por ela e nós, pessoalmente, que dela, juntamente com a fé, fizemos um dos motivos mais relevantes de Nosso Pontificado. Pois bem, aqui durante a celebração do Sacra– ment o Eucarístico, símbolo e fonte de unidade e paz, repetimos Nossos votos pela paz, a paz verdadeira que nasce dos corações crentes e fraternos; a paz entre as classes sociais na justiça e na colaboração; a paz entre 6s povos mediante um humanismo iluminado pelo Evan– gelho; a paz da América Latina; a vossa paz" (SEDOC, vol. I, novem– bro 1968, fase. s; pág. 650). Em comentários às conclusões dos Bispos Latino-Americanos em Medellin, Frei Clarêncio Neotti, O.F .M., afirm_ou, com a segurança -24-

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