Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
o REVfSTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS que Artur Cezar Ferreira Reis focalizando a mesma vida da Igreja, em "A Conquista Espiritual da Amazônia", sem a mesma riqueza de pormenores, sem o mesmo rigor de datas, faz autêntico trabalho de histó,·ia, ainda q1:E' sucinto, por que compara atitudes, relaciona influências, descobre na trama dos sucessos, a constante de uma evolução transcendental. Se quiséssemos aprofundar, por exemplo, as causas e o próprio. des~nrolar dos fa,;os de um levante de seringueiros, no rio Jari, nas terras de José Júlio de Andrade, aí por volta de 1924, encontraríamos tão sbmente as reportagens dos jornais da época. No~so confrade de Academia Jarbas Passarinho apoderou-se do tema, mudou os nomes dos personagens, transformou Arumanduba em Arubatuba, para que a semelhança dos gestos não passasse de "mera coincidência" e redi– giu com tonalidades de realismo a "Terra Encharcada", credencial importante com que se apresentou à barra do Silogeu. Assim êsse episódio do drama amazônico do ciclo da borracha, já encontrou o seu pintor literário, porém não dispõe ainda da documentação rigorosamente histórica nem da interpretação socio– lógica. Podemos dispôr de muitos trabalhos de História da Literatura e de História da Filosofia, porém pouco se tem escrito de Filosofia de. História ou de Psicologia da Literatura. O alinhavar de tais considerações visa tão sbmente justificar o acêrto desta comemoração em conjunto, que deve simbolizar em– preendimentos futuros de coordenação de esforços para colocar cada vez mais em reciprocidade de serviços a História e a Literatura, a Filosofia e a Sociologia, a Psicologia e a Linguística, e tantas outras ciências correlacionadas. Na obra fictícia, porém objetiva de Lindanor Celina, Dalcídio juranrlir, Cândidc, Marinho da Rocha, Bruno de Menezes, Jacques Plôres. :r.e Campos Ribeiro. encontrará o filólogo o legítimo filão do linguajar paraense, que está a desaparecer ante a pressão das fitas gravadas e dos vídeo-tapes, que impõem ao nosso povo a gíria de cariocas e paulistas, ou ante a influência de numerosos mestres nor– destinos, inclusive religiosos, que, sem o saber, vão solapando os ressaibas caracteristicos e por vêzes castiços que mestres de antanho, como o genial padre Vieira ou d. Antônio de Macedo Costa imprimiram nos nossos modismos de falar. O sociólogo nos livros dêsses autores investigará as causas de nossos defeitos ou de nossas virtudes, enquanto o historiador terá ali o quadro ambiental e verídico, o cenário genuíno em que viveram os vultos insígnes de nossos fastos. 21
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