Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS viço do homem, sendo bem significativo o primeiro periodó de seu proêmio : "As alegrias e as esperanças, a::; tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos.pobres e ele todos os que sofrem, são também as alegri:ls e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo" (GS 1). A Igreja Católica compreendeu que, ante a situação de miséria e fome da humanidade atual, cada vez mais agravada, impossível se torna a missão evangélica sem socorrer o homem no seu todo : corpo e alma; coração e consciência; sensibilidade, inteligência e vontade. Compreendeu muito mais, no sentido de que o problema, em face de isua r.xtensão, não comporta soluções regionais. Exige trabalho de conjunto, vindo as nações, económicamente poderosas, em auxílio dos povcs subdesenvolvidos, em estado de penúria. Por isto, Paulc VI, na atualíssima Populorum Progressio, depois de, nas palavras iniciais falar em "pleno desenvolvimento", afirma, com extraordinária ênfase : "Apenas terminado o Segundo Concilio Vaticano, uma reno– vada tomada de consciência das exigências da Mensagem Evangélica obriga a Igreja a colocar-se a serviço dos homens, para ajudá-los a cap tar tõdas as dimensões dêste grave problema e convencê-los da urgência de uma ação solidária nesta mudança decisiva da história da humanidade" (PP 1). O Sucessor de João XXIII passa, então, a expor as diretrizes de um llcscnvolv.imento integral e solidário, como único meio de ga– rantir, c::om eficiência, nos tempos que correm, a paz universal. Sua doutrinação é convencedora, revelando, em traços firmes, a fome e a indigência que assolam o mundo, como consequências lastimáveis do ferrenho capitalismo liberal, "que conduz à ditadura, justamente denunciado por Pio XII como gerador do "imperialismo do dinheiro" (PP 26) ; e da tentação materialista que, pela propaganda ilusória da. igualdade das classes sociais, agrava sensivelmente o problema, fazendo nascer outra modalidade de imperialismo universal. Pleiteando vida melhor para os que sofrem, Paulo VI qu{'r "rea– lizar, em tõda sua plenitude, o verdadeiro desenvolvimento que, no seu diz~r au torizado, é "a passagem, para cada um e para todos . de condições de vida menos humanas a condições mais humanas" (PP 20). E, entrr as condiç5ef menos humanas, proclama, com invulgar fcJ;ci– dade de expressão, "as carências materiais dos que estão privados do mínimo vital e as carências morais dos que estão mutilados pelo egoísmo" (PP 21). Realmente, a extinção dessas duas classes de deficiências huma– nas é O núcleo da questão do desenvolvimc-:nto. Somos, na verdade, deformados pelo egoísmo, que nos impede de atos meritórios em -32-

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