Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS vimento, que "deve ir além do que o simples crescimento econômico". Foi assim que se expressou êsse virtuoso e culto sacerdote, há pouco tempo desaparecido dentre os vivos, invocando a autoridade do padre L. J . Lebret , que a morte também j á levou à Eternidade : "O desen– volvimento é um humanismo. Deve· responder à triplice fome : física, cultural e espiritual, que atormenta o homem individual e a socieda. de moderna. Trata-se de sei- homem e mais homem". "Não se trata apenas de ter mais, e, sim, de ser mais". "A rea– lização, que tem de ser promovida, não pode ser senão a civilização do ser mais na equitativa distribuição dos bens". "O Ocidente, preo– cupado antes de tudo em conservar e aumentar seu haver, revela-se impotente para compreender o momento do mundo. Pensa unica– mente em sua defesa, quando deveria pensar na promoção humana universal" (L. J. Lebret, Suicídio ou Sobrevivência do Ocidente ). Se quizermos trabalhar pelo desenvolvimento, devemos reconhe– cer valores e respeitar sua hierarquia. São os valôres que funda. mentam a originalidade e a nobreza da pessoa humana. Sua auten– ticidade. Desenvolver, já o dissemos,· é promover o homem, todos os homens e o homem todo" (Desenvolvimento, 11:xito ou Fracasso na América Latina, t radução de Rose Marie Muraro, págs. 23/24. Editôra Vozes Ltda. Petrópolis RJ. 1966). O genuino desenvolvimento deve levar à "gradual ascenção eco– nômico.social das classes trabalhadoras", como afirmou, _irrecusà– velmente, o admirável João X.XIII, na encíclica Pacem in Terris que êle próprio apresentou como seu "Testamento de Paz". São ainda suas estas convencedoras asserções : "Partindo da reivindicação de seus direitos, especialmen te de natureza econômico-social, avançaram em seguida os trabalhadores para as reivindicações políticas e, final– mente, se empenharam na conquista de bens culturais e morais. Hoje, em tôda parte, os ITabalhadores exigem ardorosamen te não serem tra– tados· i.1 maneira de meros objetos, sem entendimento nem liberdaàe, à mercê do arbítrio alheio, mas como pessoas, em todos os setores da vida social, tanto no econômico-social como no da política e da cultura". Está evidenciRdo que a doutrina social da I greja, em rev':?lação inequivoca de puro solidarismo cristão, é a única em condições de so!rear a impulsividade corruptora dos três grandes males, em luta, que ameaçam impelir o mundo à ruina t o.tal : o comunismo absor– vente, o capitalismo ferrenho e o insidioso ncofacismo. As verdades, que acabam de ser expostas, proclamam a impe- -30 -
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