Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISfA DA ACADEMIA PARAENSE DE LE'1"RAS come a margem ó.i. segurança que os engenheiros d.ão, sôi:>re os resultados numéricos exatos. Essa margem de segurança é a mâis veemente prova de que devemos encarar as verdades com especial cautela ... O cerLO é que sem aquelas humanidades a que se l'eferiu o brilhante econom1~.ia, o homem seria apenas meio-homem. Ouçam o que o admirável Will Durnnd já dizia, ao fim da década cte 30 : "A idéia, boje corrente, dum homem culto é a do homem que lê jornais ele mannã, il. tarde e à noite; mas embora nossos colégios produzam por ano tantos dipiomandos quantos carros estandardizados produz Henry Ford, há uma visível raita cte cultura real em nossa vida; somos uma nação de cem mil .escolas, com apena:.; uma dúzia de homens educados. Não mt, admiro que Wells e outros pusessem em dúv1da o valor educativo das universidades. Há exagêro de pes– simismo nessa dúvida; mas ~ bom que alguém nos im– plante a desconfiança quanto à noção corrEnte de que a multiplicação de escolas crie inteligência. Nossas escr•las e colégios sofreram muito com o conceito ele Spencer, ,:te educação como adaptação do indivíduo ao meio; conceito frio, mecãmco, produto duma filosofia mlicânica e desa– gradável para os espíritos criadores. O resultado foi vermos nossas escolas conquistadas por c!Jmcias teóricas e mecimicas, com quase exclusão de disciplinas "inúteis. como a literatura, a história, a filosofia, a arte. Fabrica– mos as:;,,1m empregados de escritório, bons amanuenses e bons técnicos que, quando o dia de trabaibo chega ao fim, devoram os jornais ilustrados e enchem os teati·c,s para ve.~ as eternas fitas de amor e a etern"1 anatomia das mulbere&. Esta p-rodução mecânica e "prática" produz ·homens par– ciais, não totais; subordina a civilização à indústria, à biologia à física, o bom gõsto e as boas maneiras à rique– za. Ma<; a educação tem que produzir homens completos ; deve desenvolver tõdas as fôrças criadora;,; existentes no indivíduo, abrindo-lhe o espírito para todos os aspe,~tos amenos e instrutivos do mundo. Um homem sobrecarre– gado de mi;hões mas para quem Beethoven, Corot ou Thoma!- Hardy, ou o fulgor dum ocaso do outono signifi– cam ape 11 as sons e côr; não passa de matéria-prima dum _, 216 - ,

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