Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

o REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Revelando coerência com as palavras exortatórias de Paulo VI, o Episcopado Brasileiro dirigiu, de Roma, a 8 de dezembro de 1965, no encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, vigorosa men– sagem "ao Povo de Deus no Brasil e a todos os homens de boa vontadl que vivem em nossa Pátria, aos que conhecem Deus e o adoram e mesmo aos que ainda não o conhecem ou não o adoram". Nêsse admirável documento, que é retriz de propósitos_. com base nos ensinamentos do Concilio, encontram-se estas afirmações de atualissima e confrangedora realidade: "A exemplo do Divino Mestre, que perante os homens desnutridos lançou o seu "misereor super turbam", condoe-no~ profundamente por ver tantos irmãos nossos na miséria e na ignorância, por ver o doloroso quadro de aesiguaidade::. sociais injustas, por ver o desconhecimento da doutrina social da Igreja, que é, no entanto, o remédio certo para sanar o desequilíbrio social. Vemos como é dura a luta contra a desonestidade e contra a. falta de espírito público e de sentido do bem comum" (Revista Ecle– siástica Brasileira, vol. X]{VI, março 1966, pág. 186). Não posso, também, silenciar a respeito dos compromissos edifi– cantes, que mais de seiscentos bispos conciliares de todo o mundo assumiram no Pacto das Catacumb"as, entre os quais devo destacar u seguinte : "Uma vez que a colf'e;ialidade episcopal encontra sua r.ea– lização evangélica mais completa na assunção em comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral (2/3 da huma– nidade), nós nos comprometemos: em particular, segundo nossos recursos, nos investimentos urgentes das Dioceses das nações pobres, 2 requerer junto aos organismos internacionais, em testemunho evan– gélico como o elo Papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que, aos invés de fabricarem novas nações proletárias em um mundo sempre mais rico, permitam as massas pobres sair da miséria" (Vozes, 5. Maio 1966, pág. 397). Ante imperativos tão graves, nesta hora de profundas apreen– sões que o mundo atravessa, os homens de boa vontade devem lutar, destemidamente, pela implantação do equilíbrio de vida entre "os que têm fome e não têm o que comer e os que têm o que comer e não têm fome". É o modo efetivo de exercitar "a norma concreta de ação", de que nos fala Paulo VI na magnífica exortação ao Episco– pado Latino-Americano. Devemos integrar-nos, com denodo, na imperiosa cruzada do desenvolvimento. Ninguém melhor do que o saudoso don Manuel Larraín Errá– zuriz, bispo de Talca, no Chile, e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), traduziu o significado real do desenvol- -29-

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