Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
" REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma Êles vêm a través de vós mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Poãeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos . [pensamentos, Porqut~ êies têm seus próprios p ensamentos. Podereis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suus almas moram na mansão do a.manhã, Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como êles, mas não procureis [trazê-los como vós; Porque a vida não anda para trás e não se demora Com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arquiteto mira o alvo na senda do infinit0 e o estica com tõda sua fôrça para que suas flechas se projetem, (rápidas e para longe. Que vo;;so encurvamento na mão do arqueiro seja vossa [alegria : Pois a%im como 1!:le ama a flecha que voa, também an:a o arco que permanece estável. Suponho não totalmente impertinentes a esta çerimônia, algu– mas considerações sôbre a querela "tecnicismo x humanismo", como papel da Universidade. O eminente professor Mário Simonsen, acusando o nosso ensino verbalístico, inform&tivo e discursivo - "educação para os salões" -- queixa-se da "ên.~ase dada às chamadas humanidade3 e do descaso votado à formação técnica e cientifica". "Os físicos - - aiz êle -salvo· honrosas exceções, costumam ser bem menos divertidos nas reuniões sociais do que os literatos; e muitos dos chamados homens cultos são incapazes de somar frações érélJnárias com d0nominadores diferentes". Mais agressivo que o nosso Mário Simonsen foi ::> grande poeta Heine, que escreveu : "Os ron,e.nos não teriam tido tempo de conquistar o mun– do, se tivessem de estudar latim" . .. Sou dos que acham que tais verdades são apenas relativas, - 215 1
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