Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISfA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Entrn. nas casas de comércio, nos botequins, nas farmácias que [preparam drogas, Vai bulir com as moças das Quatro e Quatrocentos, até com os [malandros mordedores .. . Há gente que fica tonta de aspirar êste cheiro bom, Que serve de afrc·dizíaco para os amores luso-africanos, Que anda nãs ruas do comércio, nas praças adjacenres, Como se uma por!-,ãCl de mulatas, de mulhere;; diferentes das out.ras, Saísse dum banho tribal de ritualismo nudista, feito de cheiros [bravios Quanto povo, quant o colorido interessante, quantas caras diversas, Quantas ancas dmmariz, quantas pernas prometedoras, Tuc o isso circulandc dentro das condas de cheiro-cheiroso de S. João, Comprado das velhas curandeiras, dos hervanários dos Mercados, Qu~ sabem de có: os nomes dos matos aromáticos, dos trevos , Dos breus defumatórim;, das infusões que dão sorte . .. P~r isso é que, ape.sar dos pezares, minha . Cidade não se entroga, E fn.z questão de sE:>r paraense, mesmo vestida de chitão, Porque ela empobreceu sem saber como e nem os Poetas também... Eu louvo, porém, a mlri..ha Cidade otimista, que está 1nudando A sua fisionomia regionaJ, -mas sempre alegre como as cabrochas Que são do amor. que fazem raiva com o cheiro a.:,,,eritivo do;; seus fcorpos . . . Quando a quadra joanina entra no fôgo, minha Cidade Se enfeita e põe foguetes estrelados, queima foguetinhos caro::;, Comprados com e dinheiro do seu suor, que ela recebe Sem saber se vem do salário mínimo ou de exploração organizada . .. Hoje, minha Cidade, m:'. hora do banho tradicional, Lembra-te de mim também e das amadas que não brincam Mais o São João nos terreiros, nem tiram sorte pars saberem de [coisas . . . Tom::. o teu banho de cheiro-cheiroso e deixa que êle se grude :ia tua Pele, para fazer 'l aenúncia dos amores que tiveres, l'ara que saibam tF• ar,reciar, para que saibam que amda és tu a [nossa querida Belém ! -- 212 - • · t> IP

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