Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

o o ., BELÉM, CIDADE DOS CHEIROS DE SÃO JOÃO Bruno de l\'.Ienezes HuJe minha cidade amanheceu trescalante, Ch.=;irando a vegetais odorantes, a raízes maceradas, A bolbos rescende !ri.es , a pataqueiras de igarapés, A fóiha de vinde-cá-pagé, a casca de arataciú, A serragem de patt d'Angola, a capela côr de musgo, Entrançada de fetos verdes, com que a nossa gente do norte 8 e enfeita de core.as silvestres, como nas antigas festas campestre~ Para louvar São J0ão e acender fogueiras votivas, Que foram o fôgo das cavernas e dos moquens selvagens . .. Os ~antos de junho são uns santos folieiros, Que alegram os subúrbios e apreciam os . fogos pirotécnicos, Só têm saudades ctos balões multicôres, porque queimavam as [as palhoças E também as plant"ações dos banquezeiros, dos senhores prestigiosos. Mas na quadra joanina, São João gosta da cidade cheirando, D<>scle a doca do Vêr-o-Pêso onde os traficantes e os "marreteiros" Enganam os cabor:Jm= ·sabid~s e os turcos negociam eousas falsas. :Oes tle as calçadas dli Recebedoria, onde os ambulantes pagam [impostos Vendendo acocoradcs nas pedras brutas . .. Desde a rampa du cais poeirento, cheio de vozeria, Ond.<' as frutas, oc; Iegt:mes, o carvão, a farinha d'água, Vindos nas igarités primitivas, deixam isso para o povo, Que compra por tm5 preços que nem se discutem maiE= .. • T odo:- êsses recantof amanheceram mandando no sõpro do vento O cheiro tirado d~. terra para a cidade se banhar. .!?:ste cheiro que entra pela João Alfredo, invade os ômbus gran(inos, BeJisi:-a os braços das brancas, das mulatas, das curibocas, das írôxinhas, -211-

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