Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• o REVISTA DA ACADEMIA PARAEN3E DE LETRAS ele Montaigne e La Bruyere, com as suas meditações sõbre os homens e as coisas, os de.feitos e os vícios do mundo, abriu caminho aos e;stuàos e às pesquisas experimentais", segundo Ronalcl de Carvalho, elaborando "sentenças e pensamentos dignos de vauvenargues e de Pascal", escreveu a obra magnífica intitulada "Reflexões sôbrc a vair1ade dos homens ou discursos morais sõbre os efeitos da vai– dade", editada na cidade de Lisboa no ano de 1752, em cujas páginas imp1egnadas de vigorosP.. imaginação, encontramos a si;guinte análisa de natureza filosóiJca : "Olhamos para O tempo passado com suu– dade, para o presente com desprêso e para o futuro com esperança; do passado quase nunca se diz mal. do presente cont.inuamente nos queixamos e sempre apetecemos q~e chegue O futuro . O passeclo parece-nos que não foi mais que um instante; o presente apenas o seni,;mos e julgan:os que o futuro está ainda muito além. Para dizermos bem do tempo é necessário que êle tenha passado e para que o desejamos é preciso considerá-lo distante. A vaidade faz-nos o).har para o tempo que passou, com indiferença, porque nêle fica sem ação; faz-nos ver o presente com desprêso, porque nunca vive satisfeita; e faz-nos contemplar O futuro com esperança, porque sempre se funda n~i que há de vir. E assim, só estimamos o qua já não t,emos; fazemos pouco caso do que possuímos e culd::1mos no que não sabemos se teremos". Senhores acadêmicos ! Não obstante a repulsa à vaidade com tôdas as suas variantes negativas próprias da m1L1.1reza humana manifestada pelo "moral! 5t a mais fino e sutil cias nossas letras n~ período colonial", sinto-me justificadamente envaidecido em ocupar, neste silogeu, estimulado pela vossa companhia, auscultando a calorosa excelsitude de vossa afeição e a fulgura!1Le exuberância de vossa espiritualidade, a Cadeira n.• 13, que tem como Patrono Dom Romualdo Antônio de Seixac;, con ,o Fundador Dom Antônio de Almeida Lustosa e da qual foi últlm:i ocupante o Acadêmico Murilo de Almeida Castro Menezes, aos quais eu t.·xpresso, neste mornento, a lucidez de minha afetividade, tradu– zida no poema imcrta1 de Guerra Junqueiro : "Benditos sejais vós, almas que est 'al.ma adora, Almas cheias de paz, humildade e alegria, Para quem a consciência é o sol de tõda a hora, Para qtoem a virtude é o pão de cada dia". Havendo cumprido o desiderato previsto na Carta fundamentrtl que rege os destinos desta Academia, revestido, paradoxalmente, do - 201
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