Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• REV1STA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Em dias sucessivos, antes e após a tarefa que me fôra atri– buída pelo Presidente Ernesto Horácio da Cruz, eu e Murilo conver– sávamos longamen te,, predominando nessas tertúlias "tête à tête" fatos ligados a Belérn, ao Pará, à Amazônia, não se dissociando dêsses entendimentos amistcsc-s. assuntos vinculados à literatura e história r•Jgionais. Numa dessas ocasiões Murilo teve a gentileza de ofertar-me, c 1 11n expressiva de;dicatória, o seu livro "A Capital do El Dorado", vub!icado em 1954, com 163 páginas. Algumas vêzes êle me falara na possibilidade do meu ingresso nêste cenáculo; jamais 5upuz que o destino, na sua ironia irreverente, me facultasse sucf<dê-lo, ocupando a Cadeira desta Academia onde êle tivera distinguida atuação durante 18 anos. Profundo entusiasta do Intendente Antônio José de Lemos - o "velho Lemos" d-t polít ica par:i.ê:Be - havendo me.,mo publicado qn agôsto de 1952 nc voluma II da Revista desta Academia, um trabalho sôbre aquêle preclaro administrador, "um dos mais ilustres políticos do norte da República na época mais alta de sua vida constitucional", no dizer de Carlos Dias Fernandes, colaboração essa intitulada "Um cidadão de Atenas" transcrita conforme seu desejo, no volume XII (1952/ 1965) da Revista do Instituto H.istórico e Geo– gráfico do Pará - com a morte de Murilo Menezes desapareceu o último lemista convicto. pois o penúltimo, o Dr. Romeu Mariz, fale– cera há poucos anos, tendo tido a oportunidade de pronunciar na sede do mencionac,c silogeu a J. 7 de dezernbr~ de 194.:~, notável con– feréncia alusiva ao crntenário daquêle ex-Senador Fstadual e ex– Tntendente Municipal de Belém. No artigo de Murilo Menezes a que nos referimos, há um trecho em fuce da entrevista que mantivera, quando tinha 16 anos de idacl.e, com o Intendente Antônio Lemos, na residência dêssP político, em que o Estudante Murilo focaliza o auxílio financeiro de quinhentos mil réis que do mesmo recebera no dia imediato, para a edição de um jornalzinho intitulado "Pará", do qual fôra coordenador e no qual colaboraram Francisco Leão, Qlinto Sales, Roque Menezes, Álvaro Fernandes, Renato Viana e· Terêncio Pôrto. Constatamos ,assim, haver se manifestado na adolescência e se apurado nos a!bore~:' d~ sua juventude, a propensão de Mnrilo Menezes para a litt·ratura. Além de "A Capital do El Dorado", êle publicou em 1955 o livro com 184 páginas intitulado "Estudos Contemporâneos - pe– quenos ensaios", edição da Imprensa Oficial do Estado. No sincretismo dessa obra palpitante, não sabemos quais os capítulos que mais profundas sensações nos despertam : se a "Esté- -199-
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