Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS portas do Bazar ficavam ocupadas pelos empregados que, de espano.• dore& em punho, ficavam a apreciar o movimento da rua. "Algumas vêzes notáveis políticos entravam no armazém, numa conversa animada, e ficavam discutindo em grupo, sem dar atenção aos caixeiros". Murilo Menez'°s, guardando na memória, depois ele tantos a!los, os nomes das pers~naliàades eminentes da época de sua adolescência, passa a enumerá-los: "Foi por ocasiões dessas que vi de perto João Marques de Carvalho, bonitão, de marron, com polainas; Vitorino Cabral, Bertoldo Nunes, Jaime Abreu, Humberto de Campos, Gentil Bittencourt, Augusto Olímpio, Sabino da Luz, Rogério de Miranda, Alberto Dias, João Coelho, Firmo Braga, Arthur Lemos, Antônio Ac:a– tauassu Nunes, Inocêncio Holanda de Lima, Diogo Holanda, Virgílio Mendonça, Lira Castro, Joaquim Lalor, Barão de Anajás, Teodomiro Martins, Palma Muniz, Teodoro Braga, Paulino de Brito, Arthur Viana, Teotônio de Brito, Cipr·iano Santos, Alcides Bahia, Justo Chermont, Xa. vi.er Pinheiro <> muitos. outros. "O jornalista Alves de Souza, de "A Província do Pará", de quando em vez lá entrava, a comprar qualquer brinquedo. Era um tipo alto, elegante, imberbe, acaboclado. Grande talento. Mui.to joviaí, brincava ·com todos, dizendo pilhérias cheias de chiste. Romeu Mariz ,nêsse tempo, trajava bem. Andava nas melhores rodas de inie!ectuais. Usava chapéu de palinha, colarinho duro, colete dr> s~da alinhado, e fatos de casemira. Via-se sempre em grupos com Castro Menezes, Carlos Dias Fernandes, Elizeu Cezar, Carlos Pontes, Praga de Castro, José Chaves, Raimundo Morais, Alfredo Pinto, Francisco Fidanza, todos .:ie "A Província do Pará". Há um tr'3cho nêsse trabalho recordativo de Murilo Menezes no qual se depar~ a sua predileção pela literatura, quando assevera : "Defronte do Bazar ficava uma livraria de uma porta só, o "Pará Chie", de propriedade do Sr. Freitas, senhor português, careca e de bigode. Foi lá oncle me habituei a comprar os meus primeiros livros. Freitas recebia ngularmente as maiores novidades e punha, positi– vamente, a gente dvida, com as t entações que oferecia à venda, em literatura. Foi êle o int.rodutor, no Pará, do cartão po&tal. Era 11m ho!'nem pálido, risonho, muito delicado, mas t ambém muito m o.leria.elo quando lhê pisavnm nos calos . Não media conseqüência. "Numa ocasião o Sr. Quinderé, amigo do Dr. João Coelho, Gover– nadc1 do Estado, vendeu a Freitas um piano, ficando de receber a jmpor tãncia depois. Freitas recebeu o móvel e reparou que e1>tava inteiramente bichado. "Ipso facto" telefonou a Quinderé, dando pt~rte do sucedido. 1:ste recusou-se a desfazer a Lransação e o resu_ltatlo foi - 196 - •

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