Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
o o (} REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS dias e Freitas chamando Afonso em particular, deu-lhe parte da con– dusão de suas 11e~quisas. Disse-lhe o nome do culpado. "O plano d':l F.reitar tinha sido o seguinte : tomou nota de todos os empregados do "Bazar" e de suas residências. Após isso, saiu cem mrios tras dos botõ<is pelos bairros onde moravam os empregados, perguntando nas loja$ e nas tabernas se não haviam botões i!;{ la.is àq·,1êles. Na hoj.~ Praça. Sergipe, havia a lojinha de um sírio. l'!:le tinha os botões. Freitas, indo buscar o auxílio da polícia, meteu o lojista em confissão. "Comprei a partida, disse êle, dum senhor assim, assim, e deu os :sinais do Francisco, um cabôclo que trabalhava como marceneiro, muito protegido de /úonso. "Estava o r.a:;o resolvido e o culpado pôsto na 1ua". Murilo Menezes, continuando a retratar, num estilo simples e &gradável, a sua vida de modesto auxiliar do comércio nos albores ele sua juventude, re,·ela : "0 "Bazar" tinha uma turma de carregadores que não eram empregados, mas tinham as preferências para os seus carretos, que eram muitos. Havia o "Pardal", de bigode, bom cama– rada; o Ferreirinhu.. analfabeto, gorducho, mas colocando admiràvel– mente os pronomes; o Miguel, de bigode e olhos azuis, tipo enca– bulado; Maneta, suje:tto alto e louro, com um braço a menos, muito gabola, prosa e r-.entiroso, tipo gozado. l'!:sses homens, todos portu– ~uéses, eram constantemente alvos das nossas caçoadas principalmente do Moreira de Castro. Êles então se vingavam inda fazer queixas ao Afonso Guimm·ãe,;;, o qual ficava fulo. l'!:s te, era, de resto, arnabi– llssimo com os fregueses e rispidfssimo com os empregados. Haviam dois polidores, Acácio e Joaquim, além de Francisco, que saíra por furto. "Tempos di:ipo;s, entrou um empregado vassoura que, como eu, fôra promovido - José Dias Ribeiro. Todo almofadinha e risão. Mas tinha gênio cluro. "Todos os homens eminentes do Pará, naquêle tempo, passiwam pelo Bazar e entravam sempre, porque o acolhimento os lisonjeava. "Logo de manhã, OE empregados se muniam, uns .ie espanadores, outros de toalhai;, outros de vassouras, com que va!Tiam os dois compridos atapetanm,, que das portas conduziam as pessoas a té o fundo do armazéa,. Os móveis eram espanados diàriamente, as louças limpas com as tm,.Ihas, os vidms esfregados com estop a, de forma que no seu inter i:1r sempre refulgia. As novidades er!"'m cons tantes, havendo sempre, muito o que admirar. Quando cheg~vam a s c9.ixas ele Alfândega, lá b m os caixeiros mais novos abri-las. "Quando t L1do se concluía e Afonso estava ausente, a s quatro - 195 -
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