Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS "0 gerente ou encarregado da "Cadeira" era o Sr. Afonso Teixeira da Silva Guimarães, rapaz vindo de Fafe, Portugal, gordo t:ranco, com gaforinha cacheada e preta, muito trabalhador, correto, verdadeiro "gênio·• eronômico. msa:o e conversador, com uma pro– míncia clara e asr,edo jovial, era um primeiro caixeiro às dire!tno;: _ pois tinha um jeito especial de agradar a freguesia. Lopes PereirP, que, aliás, foi quem o trouxe da terra, soube lhe apreciar os dotes de honestidade e trabalho e, certo dia, propôs-lhe fundar o "Bazar I.iq11idador", num1 cns2. vaga e que recentemente havia sido oc11padn pelos armazéns "Gra.nd Maison", que tinha encerrado os negóci~s. Pereira dava-lhe o lagar de sócio-gerente. Isso ocorreu aí pelo ano de 1902. O próp: ic título da nova casa, título feliz, invejado por muitos - pois hnttvP um "Bazar Conquistador" e um "Bazar Mobi-· lador" - já traía o antigo ramo de comércio da "Cadeira Doirada", que era comprar ou trocar móveis., por pouco mais ou nada, pre- pará-los, poli-los convenientemente e vendê-los em estado apresen- t !ÍVQl o u como l:lOVOlJ. "Quem tivesse ,:nobiliário antiquado e quisesse reformáJ.lo, b astava ir ao "Baza:- Liquidador" e entrar em entendimento com o Guimarães, que liquidava tudo : comprava a mobília velha, barato, e vendia a nova pelo preço corrente. Era negócio. O nôvo est ;i.be – lecimento prospercu como prosperam todos os negócios, quando ,1a praç& corre muii:) numerário. "Isso foi no tempo da "sinfonia elástica". "Na principal artéria do comércio de Belém existiam outras casas importantes, tais como "A Torre de Malakoff", a "Casa Pekin". "Notre Dame de Paris", "O Maltez", a "Casa Aguiar", tôdas do gênero de negócio do "Bazar". "Mas como sobrava dinheiro, o negócio dava para todos". "O Bazar fazia diàriamente uma boa renda. Guimarães era ativo e muito hábil f.' prudente em fazer os pedidos para a Alemanha. A casa regorgitava de cr.ixeiros-viajantes alemães, gordos e expansi.vos, louros, que r eceb1<im as 0ncomcn~las. os fabricantes germânicos venr!Jam a prazo ~ E- 9_0 clias. Em pouco tempo a grande importação no Pará e no Brasil vmha tôda da Alemanha. "Os fabrican 1 ,cs de outras potências iam sendo desbancad,1s, um por um pelo grande surto da indústria tedesca. Foi uma das causas remotas da guerra de 1914. "Os transaf1::intic0s "Rugia", "Rhaecia" e "Rio Negro", chegavam periodicamente a Belém, abarrotados de carga. Eram louças, piano!::, talheres, máquines. velocípedes, aparelhos de porcelana, candielros, cenLros de mesa, mtigos de prata elétrica, móveis divarsos, espelhos, - 193 - ....______ -

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