Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS onãe afluíam moracl0res de inúmeros outros seringais que iam J.evar a sua produção d'.-1 semana e buscar o sortimento de gêneros, depois do que internavam-se nas brenhas, em suas montarias. Êle próprio . assim refere a sua permannêcia !1aquela locali– clacl.e desconfortante : "Eu passei ali dois anos, longe do convívio ~criai de qualque~ Espécie, lidando com gente rústica, uns farinheirns, ·outros seringueiro;, alguns caçadores, pescadores, trabalhadores de engenho de cana, sú vendo pessoa civilizada quando passava o vapo~· da linha. Dias p(tra dizer de desolação e degrêdo, deitando-me cor:1 o canto dos guariba;; e despertando antes do n ascer do sol, assistindo as a;voradas espet2culares que só se admiram no meio das selvas. O c;ue me valera foi uma saúde invulnerável que me lmunizara das febres palustres". Voltando para Belém, em 1904, com ·quatorze anos de idade, passou a exerce.r uma função humilde que êle Jamais tentou obscurecer, focaliz:indo-a pormenorizadamente numa de suas remi– niscências, inserida na sua obra intitulada "A Capital do El Dorado", lendo como sub-titnlo "Crônica sentimental de Belém .., comentários sôbre alguns de seus problemas", trabalho literário com 163 páginas, dado à publicidade no ano de 1954. Em meio à diversificação da matéria abordada, em que predo– mina o sentido de exaltação à cidade de Belém e onda são relatadi::s fatos pitorescos e atraentes ocorridos nesta capital, que êle considera "o salão de visitas áe tôda a região amazônica, do Pa ís das Pedras Verdes, do El Doraáo dos naturalistas", "a porta d~ entrada pP..!'a a terra mais nova do globo", no dizer de Euclides, Murilo Menezes apresenta um capítulo no qual revela a agudeza de sua imaginaç~o, a sua evoluída espiritualidade. Apreciemo-lo come cronista elegante, que fixa no papel, com humorismo sadio, trechos de sua vida laboriosa: "Ainda existe o "Bazar Liquidador", essa casa de brinquedos e louças, na rua Conse– lheiro João Alfredo em Belém. "Em tempos passados, ela, além dos artigos da atualidade, era a maior fornecedor.. de mobílias austríacas e móveis de guarnição ainda do velho estj!o, manufaturados por marceneiros portuguêses, aqui estabelecidos. "Eram os mestres Antônio Guimarães, o Barroca, o Barros e alguns mais. "As origens do Bazar foram na travessa Campos Sales, cnde é hoje o Hotel :e:urop'eu, junto à igreja do Passinho. Havia nêsse local uma loja de mobílias que se chamava a "Cadeira Doira d1:1,". ~le nasceu ali. Era de propriedade do leiloeiro José Lopes Pereira, com Agência de leiiões na, esquina da travessa com a Rua 13 de Maio. - 192 -
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