Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS numana e onde mais amplo espaço depara a imaginação ao movimento de suas imponderáveis azas, - êsse mundo, que se não vê e transpa– rece entre névoas de sonhos, fugidias, e que mais enleva e arrebata, quanto menos se concretiza em formas palpáveis- É o terreno das ficções puras. A poesia e a prosa, que se imortalizam, carregam ·dentro de si uma fin'.ilidade - é sua parte intangível, é sua alma. Examinai os que ficaram como marcos miliários do gênio hum;;.no: Homero, Dante, Shakespeare, Camões. Exanünae Cerv.\intas e Niolie re. São as estátuas vistas de todos os quadrantes da terra, os monumentos onde andam inscritos outros nomes, de cada nação. q_ue êsses maiores sintetisam. Serviram a humanidade por meio de sua terra e de sua gente, embora, às vezes, sem aparente propósito. Em todos os povos há identidade de sentimento com êsse res– peito. E é íacu cte veriiicá-lo, no Brasil. José de Alencar escreveu páginas que perduram no aprêço de nossos contemporâneos e vivem anda, em seu aplauso comovido, as poesias de Gonçalves Dias e Castro Aives. Bilac avultou com sua propaganda cívica. Seus poemas obti– veram o favor público, quando permitiram constatar o frêmito de entusiasmo nacional que ia nêles, - essa alma intangível áe que vos falei. Ruy Barbosa fulgira de mais em mais, em nosso culto cívico, desde que se lhe alcancem os ardores, em que se queJmava, por uma pátria, superior e digna, entre as maiores do universo. Notava eu jü, ~Jouco antes da grande guerra, de leituras que aqui não cabe esm'iL~çar, ein autores mexicanos, como em colombianos e de outros países da Sul-América, visível preocupação social, em f;eus romances. As teses, assim empreendidas, são contrafacções. Deturpam-se e estragam os modêlos sôbre que se aplicam. Os gêneros artísticos e literários obedecem a normas seguras, traçadas pelo bom gôsto. As teses, pois, ficam bem nos ensaios de vária espécie, como os que, louvavelmente ,produz Alcides Gentil. Mas no escolhido as– Slmto e na execução perfeita é que vai o mérito da obra de arte. É aí que o gênio lhe põe calor, ânimo e vida. As figuras movem-se com flagrante natt•rnlldade e cada qual sente que andA. ali um pedaçl, c:e si mesmo. São essas as que não morrem nunca. Q pedagogo Já o assinalei por sua feição de pedagogo, retirado de seus livros e, poderia acrescentar com verdade, extraído do gênero de puo:·[cidade a que se dedicou. Ontem quer que folheie os melhores - 172 - • •
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