Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

PAN EL A DE BA RRO Carta de Manuel Lobato a Jaques Flô1es JaL1ut::s Flores amigo : Desde muito que eu o supunha em porfia com Santo André, túo retardado andava sempre v. nas suas promessas. Mas as nar– rativas popuiares nm: ensinam que não devemos duvidar da pavulage, ainda mesmo do jaboti em desafio ao mais ligeiro dos veados ... Até que à su:i Panela ele Bano c.r,egou às minhas mãos. tôda sabrecada de fogo, por andar de trempe em trempe, desde 1947, quando ficou pronta para o uso. Já provei do., quitutes que nela v. preparou para as letras paraenses. Antes ele mais nada, aprecio o linguajar apropriado aos ass~ntos de sua f'SC'ôlha. É simples e desataviado, à maneira do habitante da hinterlândia amazônica, mas obediente a um feitio pessoal, inconfundivel, todo seu. Prefiro isso, às tentativas inócuas dos que pretendem repro– duzir as fala:; cabôclas, porque não obtendo a natural seqünêcia na emissão elo pensamento singelo, brotado sem qualquer esfôrço, como a água de um ôlho d'água, perdem o que há de graça nativa nessas ccnversas. Repare bem que no arremedo de "roceivismo" empregam pala– vras deformadas rine não há caboclo que entenda. V. conseguiu temperar um estilo, digamos assim, em que a ingênua graça primitiva é mantida, conservando a singeleza dos narradores sertanejos. Em geração muito anterior à sua, porque antecipou à minha, um escritor quasi Rssim deparo em Juvenal Tavares (Luiz Demetrio Juvenal Tavares ). Tavares que era, como v., poeta tinha o prazer em contar costumes da roça, e em um dos livros do saudoso Eus– tiiquio de Azevedo está reproduzido em especimen. Foi intransigente boêmio, de menino a velho. Sendo, porém, republicano, conseguir ser aproveitado co:no funcionário na Secretaria Geral do Estado, - 165 -

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