Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

,. " BRUNO, EM SUA GRAÇA ·NATIVA Genesino Braga ( da Academia Amazonense de Letras) Com os -arminhos que laureiam a bela fronte cabocla, bron– zeada de sol e de sínteses lúcidas, Bruno de Menezes passeia entre nós a fulgência est-'31ar de seu espírito. l!:sse homem correto, preciso e h:umonioso, que nos dá o pensamento e a sensibilidade da cultura paraense no encanto de seu intelectualismo ascendent~ e inteligível, ....:. ésse homem é p:Jeta e, para a poesia, trouxe a p9rfeição geomé– trica , a nitidez mer idiana e a claridade solar do seu mundo interior. Pisando os chãos juncados de Ficus mortos da velha taba dos Manaus, para a qua lo atraíram sons de borés e t antãs longínquos da indiada irmã, em alegre putiruns de boa hospitalidade, sua pre– sença é uma festa e seu r iso um ·contentamento para todos nós, irmi:i.o admirável pelo espírito e pelo coração, que êle o é, sempre a sorrir, entre um "trouvaille" boêmia e _ uma "boutade" cintil:?nte, sua graça nativa afinada em talento e distinção. O poeta Bruno de Menezes veio assistir às dionisíacas de nosso folclore. Prêso ao canto caboclo da terra e amando o sentido de &s tesia que apura a seiva sonora e ver bal, requint ada e bárbara. de i:;u·is manifestações exteriores, veio identificar as imagens de nossas lendas e de nossos usos nas cicatrizes de velhos troncos da vida amazônica. Como voz de revelação de seu meio e para as circuns – tãn~ias e os anseios de sua época, - que outros não é o destino dos poeta::;, - acaril,11a a volúpia de ser exato no recolhimento dessas vozes e dêsses cos~umes da terra e da gente patrícia, dentro da fnigi! perfectibilidade humana; mas, numa exatidão tõda feita de ansiedade, de veneração e de respeito à tradição e de amor à s formas na sua simplicida<ie ou na sua violência, a despertar imagens novas e .:!:mstantes da vid2, de tuna vida mais larga e mais plena, que só a pcE;sia consente e enobrece. "Es ta lua convida a escrever tristes poemas .. . A noite é de romance; abro a janela ao luar". 163