Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Pensão de Bôca do Acre, onde, uma vez ou outra comia-se excelente tartarugada; e o 111.gar certo para recomendar uma mixíra de bicho de casco com tar~ar·,-1.gas e tracajás do lago que é lugar de quelônio· gordo e sem pitiú_ Conceição fkrrva de bubuia e os seus movimentos provoca– vam ondas que iam iamber o barranco com violência, parecendo uma "9ornroca a deslocar perigosamente os banheiros flutuantes. "Olha a onda", gritavam os rnoleques e mergulhavam solértes escapando assim às edmoestações quP. viriam num churrilho de palavras do mais baixo calão. Quase afi> esc11recer, antes da missa, as môças desfilavam pela rua da !rente e ia,n metidas em seus vestidos curtos, de colorido brilh11nte. Risoleta possuía estranhos olhos hipnóticos, os cabelos ondeados caindo '.:!:::n madeixas sôbre os ombros, a bôca nacarada e o sorriso atrevido; Isolda, sua irmã, de blusa militar, · olhos meigos e c.onfidentes, embora um pouco .triste . . . E Mira? Dôce e :suave. trazendo todos os matizes de ouro nos seus cabelos loiros . . . Infe– lizmente êsse fasclnic, foi quebrado por um grupo de rapazes da jovem guarda, talvez mais realistas que os autênticos do mundo atual, tudo fazenão de modo r2dical, contrastando naquela paisagem onde pre– p on ::iera o elementos feminino estarrecedoramente... Deixamos o banco ao escurecer e fomos com o Comandante .1'.demir até a praça 22 de Outubro, data da hlndação do Município que um modesto obelisco rememora. Ali, ao seu redor ,as môças fazem o carrossel girando até a exaustão em busca do namorado, ou ao seu lado em tern'J enlêvo, ou ainda a borboletar ao derredor dos uoucos varões di:s1mníveis. O Delegado substituto, de chicote em punho e à paisa!la, faz a sua r onda bicorando pelos botequin, a provar goladas de cachaça. "Pura ", dizia êle, "qiie misturada num é bom pro figado". E mudava de bar naturalmente para assegurar a ordem e verificar se a pinga er a mesmo do Abaeté, do Pará, que é a melhor do mundo, quando n ão batisada pelos regatões, nem sempre muito escrupulosos ... Naquele rodopiar ouviam-se curiosos comentários: Três moças no sereno, espiando para o salão de danças, uma espécie de gafieira onde se consegue uma noite de amor espúrio, uma delas, convidada par a dançar uma r,arte, mostrou indecisão. A companheira rec:oon– df:11 : "Eu vou, isso não tira pedaço". A terceira rindo-se piscou um ôlho : "O que tinha que perder, já perdeu". A primeira, a que fôra convidada inicial·r .ente , ficou escandaUzada. "Eu só '.virget'" As. companheiras comnçaram a rir e não se sentiram constrangidas quano.o o pr ctens •J bailarino, meio cha teado e grosseiro, ripos tou: "Maninha, deixa de besteira. Se tu é virge, cai fóra. Aqui num é Iugá de alejada". E arrastou a môça para o forró ,onde a misturn - 160 -~ 1 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0