Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

o VIAGEM AO PU RUS Acadêmico Líbero Luxardo (Trecho do livro em preparo) Ficamos longo t empo repousando num tosco banco do 0utro lado da ruc1., diante ,lo préciio da Agência da Capitania dos Portos em Boca do Acre, COfll~.ntando a placidez e a beleza dos crepúsculos no rio Purus.. Ao cair da ta: de a temperatura torna-se amena e os morsdores lmscam os banheiros públicos à beira do rio Acre onde as mulheres mergulham vestidas; com roupas quase transparentes que se desco– lorem naquelas águas côr de barro, águas que rolam em constante labor .no esfôrço c.J..ô.utur no ele ar razar b arrancos e construir novas praias, transportando ao mesmo tempo árvores cujas frondes don ü– na ram impávidas o tapete colmático da floresta, até o dia que suas raízes foram arrancadas do solo na fúria dós repiquetes. Os banhistas deixam-se ficar mergulhados como botes, batendo com os pés ou dan~lo ritmadas braçadas, dominados pelo delicioso fresem· da linfa poluída, indiferentes ao r isco das viroses, das h epa– tites t ão comuns rl'.!. região, ou das verminoses cujo efeito é roubar energias, m inar reslsLêndas, preclispõr o organismo hu111ano às mais graves infecções. Naçiuelas ágrn:s, a;; mulheres lavavam a roupa do diário, os panes caseiros, o Yestido de missa e dos dançarás improvisados à chegada das Chatinhas da ENASA. Ali, depois do b anho, escor rendo a úgua morna, os or-s plantados •no tijuco da margem , a lata equili– brada ná cabeça, o c·orpo eréto, roliço e macio, a mover-se em per– feita coordenação para galgar os 20 metros do ingreme barranco, pé•após-p é, sem tibb.;a, indiferentes aos olhares que as despiam por completo daquelas roupas molhadas, colgadas, revelando as suas J crmas er ógenas, tio vulto a fugir para o alto, a bunda pulando, escorrendo água devido aos constantes borrifos da lata sacudida pelo t rnLar sinuoso da F-ilhueta morena e luxuriante, como uma oferenda ele ambrósia, desesi:,eradamente assexuada e provocante. Mais tarde, mole e gelatinosa, chegava Conceição, a dona da - 159

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