Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Não deixando haveres, como confessa no derradeiro manuscrito, !:e:não os compromissos decorrentes da longa enfermidade, agasalha• rl0s, fraternalmente, pelo irmão querido, Heliodoro, legou, contuclo, das reservas inexauríveis de seu engenho privilegiado, espólio cultural de, mais apurado quilate. Sôbre haver sido vate sublimado, suas "Noites em Claro", com q_ue se lançou no mundo das letras, ficaram, sim, como clarões inex– tinguíveis entre a maviosa musicalidade dos mais portentosos "Cantos Amazônicos" de que tem notícia a planície. João Marques de Carvalho, uma das mais cintilantes expres– sões do passado cultural paraense, seu companheiro de lides ''mineiras", das memoráveis refregas da "Arena''. e da esplendente aurora da Academia, vaticinando que seus versos "perdurariam porque sua musa era verdadeira e só morre o que é fictício", r e,s~alta ser Paulino de Brito "o maior orgulho da geração dos literatos amazônicos de seu tempo" - "o chefe da literatura amazônica" - representando entre nós "a poesia loira de Vigny", e, "sem ter o ceticismo estóico de Musset ou de Alvares de Azevedo, possuía a delicadeza ~entimental de ambos, a arrojada concepção dêste e o belo rendadq de fmse daquele. Júlio César, apontado por Eustáquio de Azevedo como a maior celebração poética de sua época, depois de Tenreiro Aranha e acima de Santa Helena Magno, considerou Paulino "poeta na rigorosa acep– ção da palavra, um dos mais vigorosos talentos de sua geração" e o previu tornar-se "um dos mais proeminentes vultos da literatura bra– sileira". No jornalismo, onde deixou rastro de incomum cinzelador, seja nú que fêz sob os pseudônimos de "Belisário da Frota"; ou de "R.o.sa cios Ventos", pelas colunas de "A Província"; ou de "Repercussões", 11as de "O Es tado do Pará"; seja na direção de "A Palavra" ou na ôo "Diário de Notícias", tudo quanto lhe jorrou da pena foi cauãal de cristalina fonte. De sua participação no último dêstes periódicos, Manuel Lobato, revelando detalhes de "como se improvisou jornalista", levado p3las mãos de Bertino Miranda à frente de Paulino, relembra-o, no antigo prédio da rua da Indústria, em sua "c~rteira americana, de cabc>:;a baixa, pince-nez de míope pendente dum fio de ouro", e dá ênfa!-:e, r,omo um dos raros momentos de sua carreira profissional, o haver «ssis tido, naquele mesmo prédio e naquela mesma cadeíra de Paulino de Brito, a Patrocínio, de passagem por Belém e de retôrno de seu exílio, escrevendo uma de suas páginas mais fulgurantes sôbre Deodoro, que naquele dia expirara. Como filólogo, mais se· lhe mede a têmpera no destemor com - 156 - o o C)
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0