Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Quando, às vezes, a vista desvairada .L!.IT1l.J?ºº• ansioso, nessa noite escura, Dela rompe uma voz, que, entrecortada De soluços e canLicos murmura ... :tt: a voz ao Amor, que em teu ornar falando, Nu,n Cül1c.;e rLú ú E: l:,UfHlCas e ~l"lLUS, Conta a nistol'ia ae ,toaos os amores: 1!! v en1 por e ia, rinúo e soluçanao, Almas serenas, corações aflitos, ·1·er11pt:stuctes uc 1a1:,nmas e 110res ... !" Manuel Bonmm, ilus tre publicista a quem Hi!ac se a ssociara r,ar o. p r octuzi,em mnbos o importance livro de n arrativas para o curso médio intitulado "Através do Brasil", cuja 45.ª edição foi pubHcada f.·m 1962, numa justa apreciação ao seu companheiro de trabalho, cdsse que Bilac fôra "o sonhador moderno, que deriva os seus sonhos u':i mundo atual e. para quem a inteligência humana é a i õ fça criudora de todo progresso; é nela que se confia, da sua cultura depende o futuro e para o futuro transporia êle todos os seus ideais. É um adorador de tudo quanto de belo nos legaram as velhas civilizações; 6 um intelectual que achou o caminho por onde dirigir o .se-u idealismo. J Bilac ama a vida, a humanidade, e compraz-se de sua convivência; sente-se feliz, livre de invejas; entretanto, a vida lhe deu o mínimo que pode a a r a um homem de talento e de coração". Auscultemos em "ln extremis" o poeta num momento de plena lucidez, sob os acordes do coração e do cérebro em consórcio com a natureza, vendo, paradoxalmente, a existência aniquilar-se com a r-xuberãncia elegiaca do sentimento amoroso : "Nunca morrer assim ! Nunca morrer num dia Assim ! de um sol assim 1 Tu, desgrenhada e fria, Fria ! postos nos meus os teus olhos molhados, E apertando nos teus os meus dedos gelados . .. E um dia assim ! de um sol assim ! E assim a esfera Tõda azul, no esplendor do fim da primavera ! Azas, tontas de luz, cortando o firmamento ! Ninhos cantando ! Em flor a terra tõda ! O vento Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo ... - 150 - 1