Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS onde ocupou a Cadeira, cujo Patrono é Gonçalves Dias, Bilac dest:>.– cou-se na convivência encantadora das musas. O nosso povo, na justeza de um caloroso impulso, outorgou ao primoroso vate parnasiano, mediante plebiscito popular. o título de Príncipe dos Poetas Brasileiros. Mentalidade evoluída, havendo fundado, numa campanha meri– tória, em 1916, juntamente com Pedro Lessa e Miguel Calmon, a Liga c1a Defesa Nacional, alicerçada na solidez de profúndos ideais, pugnou nas lutas do pensamento pela conservação intacta do patrimônio da inteligência e do caráter. A fascinação que êle adquiriu como poeta das multidões é envolvente, ao abordar temas da vida humana. Admiremos a sua sensibilidade nêste soneto de repassado lirismo : "Vens em busca do amor, triste e cansada. E é o meu amor que o teu amor procura. Aos meus carinhos vens pedir ventura, Como a um solar se vai pedir pousada. Pobre viajante ! Pela noite escura, Viajaste em vão, que a porta está fechada ! E, em tôrno à velha casa abandonada, Paira o silêncio de uma sepultura. Bates. Ninguém acudirá, por certo, Ao teu r.hamado. Inanimada e fria, Tomas à ombreira do solar deserto. Chegas tão tarde ! Está fechada a porta : A alma que, outrora, te receberia, Não mais despertará, porque está morta !" Em 1904, na primeira conferência por êle proferida no s0n curso sôbre a "Poesia no Brasil", Bilac lembrou aos ouvintes que 0 poeta não deve ser considerado como um ser estranho ou um homem u parte na sociedade. :tl:Ie chegou mesmo a declarar que já se íôra e tempo em que os bardos se julgavam com a obrigação ele trazer nas melenas longas e maltratadas, a exteriorizac;ão da poesia qu':l Úles enchia a alma. · Um poeta é um homem de coração, que ama a natureza, que 1.'ive a vida humana integralmente e que é capaz de sentir, compreender e reproduzir a beleza em todos os seus aspecLos, convicto de que - 148 - •

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