Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS art,~ abstrata ou t·m pof;ma moderno. Empolgadas com êsse aspect0 terrível e angustiante de nosso mundo, que é a miséria generalizada e a injustiça social, os adeptos, conscientes ou não dêsse sutil produ– tivismo materialista, crêem que todos os sêres humanos, tôdas as faculdades intelectuais, tôdas as mãos e tôdas as parcelas do tempo de cada um dos indivíduos --:- tudo isso deve ser empregado num tipo de ação uniforme, tendendo à modificação das estruturas sociais e à elevação do nível econômico das massas desprotegidas. .Não pod.emos .neg_ar a enorme dose da verdade que se esconde dentro das afirmaçóe;. e dos apelos patéticos que n0s chegam da parte daqueles que, mais de perto, se têm debruçado sôbre a reali– cxaae soc1a1 de nossa época e se sentiram como que entontecidos com a ·vertigem das injustiças e dos abomináveis crimes que se cometem, em nome da civilização ou de regimes ultrapassados, contra a pessoa humana, em todos os países do mundo. É compreensível e justa a manifestação dessa revolta e veemente desejo de contaminar todos os homens de boa vontade com a febre de indignação contra as insti– tuições opressoras e as formas oficiais de exploração da miséria. Então, todos nós percebemos (ou devemos perceber) a obrigação - humana e cristã - que incumbe a cada homem de não ficar indife– rente, de não omitir-se, cie não fugir às incomodidades de uma po1:<1ção definida, de não acumpliciar-se com padrões sociais inadequados ou meficientes para resolver os grandes problemas atuais. Nada do que pudermos dizer sôbre o assunto deve atenuar ou minimizar a fôrça e a validade dêsse aspecto da questão, e as conse– qüências que dela podem provir para cada uma das criainras humanas de nossos dias; a ênfase que merecem as ciências sociais e as pes. quisas no campo econômico, a proeminência equilibrada a ser con– cedida pelos organismos oficiais aos institutos de experimentação ciPntifica que se destinam a encontrar aplicações pacíficas e progres. sivas para as grandes descobertas modernas, a urgência de retirar dt•s programas dl• ensino êsse tom excessivamente teorizante, que faz os alunos saírem do colégio desligados de sua realidade social e, pior ainda, sem possibilidades de modificá-la, e outros semelhantes. Mas o que é preciso acrescentar, como indispensável complemento a essa visão dos problemas atuais, é uma palavra de cautela contra o inegável perigo de se derivar para um tecnicismo isolacionista ou um proch:tivismo coni pretensões a presidir as finalidades do ensino ~ das ciências. O homem é um ser vário em suas manifestações e em sua rea– lização pessoal, - e esta é uma verdade fundamental e elementarís– sima que deve colocar-se na base de qualquer pesquisa social. Tôdas - 14-

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