Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS porque, talvez, em lágrimas, mais tarde, te vejas triste desta casa ausente . .. E, já homero., já velho e fatigado, te lembrarás da casa que perdeste e hás de chorar lembrando o teu passado . .. - Ama, criança, a casa em que nasceste !" Infatigável cultor do nacionalismo, dignificou a imagem sim– bólica da Pátria através da letra do "Hino à Bandeira", de sua autoria, entoado em todos os recantos do País, principalmente · dia 19 de novembro, quando foi instituído o Pavilhão Sagrado. Enalteceu o "auri-verde pendão" com a "Oração à Bandeira", peça literária de elevado civismo, impregnada de exuberante ardor patriótico. O seu espírito de brasilidade produziu esta jóia de lirismo e ~ncantamento : "Pátria ! Latejo em ti, no teu lenho, por onde círculo ! E sou perfume, e sol, e sombra, e orvalho l E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde e subo de teu cerne ao céu, de galho em galho ! Dos teus líquens, de teus cipós, de tua fronde, do ninho que gorgeia em teu doce agasalho, do fruto a madurar que em teu seio se esconde de ti - rebento em flor e em cânticos me espalho ! Vivo, choro em teu pranto; e em teus dias felizes, no alto, como uma flor, em ti pompeio e exulto! E eu morto, sendo tu cheia de cicatrizes, tu, golpeada, insultada, eu tremerei sepulto, e êsses meus ossos, no chão, como as tuas raízes, . se estorcerão de dor sofrendo o golpe e o insulto !" Artista inquieto, vibrante, tocando as notas mais apreciadas pelo público de todos os tempos, arrimando as imagens em metáforas audaciosas e num vócabulário opulento, Bilac encontrou uma res,;o– nância enorme para a sua obra, dentro da relatividade do meio e do tempo. Espírito pleno de luminosidade, assim cantou as belezas de nossa - 145 -
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