Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• (j REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Não há teatro sem 5ucessé>. E bem pensado, esta afirmação me pa– rzce de uma importância suficiente para fazer passar a segundo plano tôctas as outras considerações. O êxito é a única lei de nossa pro– fü;são. A aquiescência do público, seus aplausos são, em definitivo, o único fim desta arte que Molere chamava a "grande arte", e que é a arte de agradar. lute de agradar, no teatro, é a arte de escrever peças; é, em seguida, e bem abaixo dêste ápice, a arte de montá-las e representá-las". - O sucesso foi atê agora companheiro de V. Exa. O "Nó", pre– miado pelo Govêrno do Estado, foi encenado no Rio, São Paulo, Minas GerF.is, Recife, Fort:J.leza e Belém e foi traduzido para. o alemão. No Rio, onde ficou em cena vàrios meses, foi aplaudido de pé pela assistência que, ao final, exigiu a presença do autor no palco. "Lei é Lei" e "Severa Roma.na" foram encenadas com muito sucesso aqui em Belém. Como SE- vê, as pernas de seu nó já o levaram longe. Senhor Acadêmico. Mas o teatro, na época que estamos vivendo, de– fronta-se com uma problemática nova e esmagadora. Lutando para sobreviver num mundo em que a tecnologia valoriza atividades como o cinema e a televisão, e desvaloriza outras, artesanais, como o teatro, é preciso que o dramaturgo lute a fim de aproximá-lo cada vez mais com os anseios do mundo e de não perder em definitivo o público com o qual dialoga. Os temas-fôrças de seu teatro, que são as raízes teluricas de seu espírito, o homem, a terra e Deus, terão forçosa– mente de projetar-se numa sistemática nova em que o homem não seja apenas o homem amazônico, mas o homem cósmico, diria mesmo o homem interplanetário e estelar, que sai pelo infinito a busca de mundos; a terra não seja apenas a terra amazônica mas a terra sem fronteiras do homem nôvo ameaçada de superpovoamento pela ex– plosão demográfica, terra de contrastes, de fome e de grandeza, de amor e de ódio, de missão Apollo e guerra no Vietnam, - Terra que se alarga cada vez mais em direção do infinito e faz o céu parecer mais próximo, o céu sem policia do mendigo moribundo, em que os anjrs confraternizam com os homens, e os homens r.spiram confun– dir-s-e com os anjos, terra de todos e de ninguém. E Deus é um Deus repensado e redescoberto, mais jovem e mais humano do que outrora, renovando e rejuvenescendo a sua igreja, um Deus vivo e luminoso para um mundo que paradoxalmente já proclamou a morte de Deus. Sábato Magaldi, m sua "Iniciação ao Teatro", escreve que "Só a modificação do sfatus social resolve ele fato o destino do teatro. Quem sabe até, nmrs. sociedade regida pela justiça, o palco poderia superar a fase reivindicatória, para tornar-se o local do puro prazer - 129 -

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