Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• o e A VIDA LITERÁRIA DE NAZARENO TOURINHO É UM Nó DE QUATRO PERNAS A noite de 7 de agôsto de 1969, em sei;são solene, foi empossado na cadeira n.º 2, 0 teatrólogo Na:,:areno Tou- rinho. Saudando-o, em nome da Academia Paraense de Letras, o acadêmico Apio campos proferiu O seguinte discurso : "A vida literária de v. Exa., senhor Acadêmico Nazareno Tourinho, é um nó de quatro pernas ! A falar a verdade, êsse nó é de várias pernas, mas - como na peça principal de v. Exa. _ podemos destacar dessas várias pernas apenas quatro, -que são as principais, e pelas quais se pod~ twaliar a firmeza e a resistência do nó. Falo em nó, porque a entrada de v. Exa. nesta Academia equi• vale a uma vinculacão irreversí~el e a um acorrentamento irrevo– cável. Ei-lo agrilhoado pelos deuses e algemado pela imortalidade. Se bem me lembro, foi De Campos Ribeiro que, ao ser empos· sado nesta Academia o romancista Jarbas passarinho, comparou 0 Silogeu a uma gaiola de ouro, que prendeu finalmente o nosso ilustre e canoro passarinho, que por sinal agora voeja, longe de nó~, em grandes alturas, e :;ó de vez em vez que vem pousar, à vai d'01seau, neste alegre viveiro. . Seja-me permitido usar em relação a v. Exa., da mesma metá- fora, embora sem as conotações liricas e bucólicas que inspira 0 nome eminente e ornltico do atual Ministro do Trabalho. O nome de V. Exa., -Senhor Acadêmico Nazareno Tourinho, traz, sob essa perspectiva metafór ica, uma destinação paradoxal mas perfeitame~t~ realizada. Ao lado do Nazareno, que dentro de sua crença esptn· tualista é o doce Rabi da Galiléia, traz v. Exa. mal flcorrentado ~ pequeno touro indómito e rebelde, cujo primeiro ~inal de capi~u– lação e domesticidade é esta entrada solene em nossa Academ12., transformada em :m:ma de vitória, onde passeia v. Exa. o seu garbo tourlno, acorrentadfJ por um nó de quatro pernas e embandeirado o àorso com as glórias desta noite. - 123
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