Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• • • REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE · DE LETRAS na minha obra. Levaram-na para o palco, território sagrado de nossos sonhos. Sentiram n .n próprios nervos as emoções que eu apenas imaginei. E;m arroubos d epaixão transformaram a minha fantasia cm ;·e:ilidade para êles, no milagre da arte. Que estranho mi1agre ! Ainda os vejo, mentah,1ente, na ribalta, transmudados, como se fôssem sere!- sobrenaturais, r.uimados por inabordável mistério. Nunca terei recursos para demonstrar a êles todo o meu reconhecimento. Mas agradeço-lhes, do fundo do coração. O último ag:-aJecunento que preciso fazer neste discurso, o primeiro em importância para minha consciência, talvez vos sur– preenda. Na verdacte, só eu e DEUS compreendemos o sentido de tal agradecimento. Creio que jamais em qualquer Academia de Letras alguém fêz agraJecimento igual, em discurso de posse. Eu, porém, vou fazer. É comum, ou pelo menos freqüente, a citação de autores ('lruditos, quando um escritor fala de sua formação intelectual. A moda agora, por :.izcmplo, para os escritores de minha geração, é citar Sartre, Marcuse, etc., como outros, tempos atrás, citavam Freud, e, novumonle etc. Procedendo dêste modo eu estaria dentro do mais requintado padrão de elegância literária. 'Acontece que não estou 11esta tribuna para ~er líteràriamente elegante e sim para dizer o que penso e o que slnlo. Em razão diss0, e tendo em vista a minha formaç~o cultural, quero fazer, de fronte erguida, o mais original de todos os agra– decimentos já feitos em tribuna acadêmica. Agradeço aos Espíritos ! Agradeço aos Espfritos porque, tudo aquilo de melhor que eu sei, aprendi atravé.; da leitura· de livros mediúnicos respeitáveis, :::omo os de Franc,sco Cândido Xavier. Agradeço porq•1e foi lendo tais livros, juntamente com os vo– lum&s ele Kardec e de cientistas ilustres como William Crookes, Camille Flammarion, Paul Gibier, César Lombroso, Ernesto Bozzano P. Aiexandrc Aksakof que formei intelectualmente minha personali– dade. Nêles não ri.prendi unicamente a raciocisar, em dimensões filosóficas, aprendi também a expor com clareza e objatividade minhas idéias, isto é, apremli estilística. Devo aos Espíritos, que só pela mediunidade impressionante de Francisco Cândido -Xavier já produziram mais de lúO (cem) obras, e a outros autores espiritistas da categoria de Carlos Imbassahy, um dos maiores polemistas que êste pais já conheceu nos últimos 50 · enos, devo a êles o fato de ser um escritor. Por isso faço êste r.gradecimento público, no dia em que sou oficialmente reconhecido como escritor. - 121 -

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