Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• • e REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS pois, reconheço, em matéria de literatura é longo o cnmitiho daquêl~ que realmente chegam a algum lugar ... Quanto ao futuro, nacta prometo porque nada sei, e não prometo r,nncipa.uueute W11;.1 p roauç_;a0 ..:opiosa, pois nc1u 1::scn ,vo :1 ou 1u peças o.,;, caua ve:.:, imllanuo Alnere. ;:;o us g.Snios, cowu ;:;11a1c~spear~ ou como l!;unpectes, por exemplo, que alern cte autor ctr amat1co foi, sucessivamente, pmwr, 01·actor e fuosoro, poae,1n criar oori.s U é: vawr em grande número. A mim, que tui sucessivament e caíxeu-o ae !Oja o.Jmer cial, c:obractor de oruous e marítimo, o ciestino reservou p6pel. menos salieu ce, na riballa ua vida, e me ctaren p or be1n venturoso se puder criar mais umas poucas peças que enriqueçam as let ra~ paraenses. Até hoje, fiel à minha origem, tenho escrito para o povo. Sou um filho do povo. Nasci no seio d.o povo, passei tôda a minha infân– cia e adolescência aspirando a poeira dos subúrbios. Minhas raízes de homem estão fincadas no solo úmido de sofrimento da pobreza, e éste seria o grancte orgulho de minha vida, se nela houvesse lugar pr.ra qualquer orgulho. As paiavras que coloquei no papel, como escritor, não foram abstrações de um esteta, foram gotas de suor c;ue porejaram de um espirita preocupado com o problema da just iç!l. Como literato não pretendi ser um hedonista e sim um lavrador da verdade. A mensagem que produzi, se não é um grito de revolta, também não é um canto que embala o egoísmo de uns e a prepotência dt outros. Sou um filho do povo, reafirmo, e se ingresso nesta Casa, que alguns julgam aristocrática, é porque c1·eio que ela tem ou deve ter vínculos com o povo. O teatro que fiz é um teatro de idéias, a exemplo do de Ibsen. F , sobretudo, um teatro popular, porque, ao lado de Bruno Wille, sempre achei que "a arte deve pertencer ao povo e não ser privilégio d.e uma só parte da população", e ainda, concordando com Artanct. sempre admiti que "sem as massas em geral é impossível uma reno• \ ação da cultura". É um teatro de documentação e de crítica, aquêle que cne1, voltado para os interêsses do povo; não é, bem sei, um teatro revolu– cionário em suas proposições sociológicas, nem se afinlza com o moderno teatro de protesto que Braustein conceitua como "o templo ele um sacerdote sem Deus" onde "um missionário da discórdia prega o Evangelho da insurreição"; não o poderia ser porque luto por uma causa que é de amor e não de ódio. Entretanto, o teatro que saiu de minha pena está fundamentalmente comprometido com o povo, suas necessidades e seus anseios. E , por ser exato isto, aproveito a -119-
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