Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS preparatória, que terá lugar no Ateneu Paraense, hoje, domingo, às 9 horas do dia, a fim de criar nesta capital uma Academia de Letras". <Seguiam 32 nomes). Em que pese a contribuição do abalizado historiador Ernesto Cruz, para esclarecer definitivamente o assunto, e não obstante tõdas as possíveis opiniões que neguem à Álvares da Costa o privilégio de ter sido o primeiro a projetar a implantação dêste Sodalício, muitos conterr.:-.neas, dignos do maior aprêço, repetem esta frase que Eustá ouio de Azevedo deixou em sua obra "Literatura Paraense" : • "Deve-se, no entanto, ao dr- Alvares da Costa, saudoso escritor e jornalista, secundado por Enéas Martins e Artur Lemos, a primitiva idéia da fundação de uma Academia de Letras entre nós". O que importa, porém, acima de tõda controvérsia, para a homenagem que devo tributar a Álvares da Costa nesta noite, não é tanto a convicção de que a êle pertence, por direito, a paternidade da idéia da criação desta Academia, mas a certeza de que sua alma acalentou, fervorosamente, o sonho de ver nascida esta Casa, para dignificação das letras paraense. O que importa é tal considerac;ão, f: certamente porisso foi que, não faz longo tempo, os dirigentes da Academia Paraense de Letras, em deliberação regulamentar, resol– Yeram chamá-la CASA DE ALVARES DA COSTA. O poeta Georgenor Franco publicou uma série de substanciosos artigos na "Fôlha do Norte", em setembro de 1967, dos quais tomei a liberdade de emprestar os mais completos apontamentos que passarei a ler, relativamente à figura de Alvares da Costa. Nasceu êle em Macapá, a 10 de dezembro de 1864, filho do Coronel Fernando Alvares da Costa, que lhe deu o nome de Raimundo Melchiades. Estudou na Faculdade de Direito de Pernambuco, ao lado de Nilo Peçanha, onde colheu os seus primeiros louros como excelente orador. No mesmo ano de sua formatura, em 1887, publicou sua obra de estréia, "Ensino de Crítica", elogiada por Sílvio Romero e Franklin Távora. Diplomado em Direito retornou ao Pará, tendo sido nomeado Promotor Público em Macapá. Quando, em 2 de dzeembro de 1894, nossos intelectuais fundaram, por iniciativa do poeta Natividade Lima, a "Mina Literá– ria", que teve sua inauguração no mês seguinte em expressiva sole· nidade realizada no Teatro da Paz, Álvares da Costa foi escolhido Presidente, tendo, para desempenhar o cargo, vivido como bola de ping-pong entre Belém e Macapá, viajando de canoa e barco descon– fortáveis. O que a "Mina Literária" fez pela cultura paraense, naquêle afastado período, conforme documenta Eustáquio de Azevedo, atesta a capacidade intelectual e o dinamismo de Álvares da Costa. Foi a través do departamento editorial da "Mina Literária" que êle publicou em. 1895, seu segundo livro, "Páginas Avulsas", reunindo trabalhos - 110 - • ••

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