Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS trechos como os que adiante enumeramos, onde a vidência de equí– vocos é tão nagrante que es tá a exigir uma porçao de reparos. u trabalho, referindo-se especificamente à Doca, assim menciona: '"At, após as primeiras horas da madrugada, conduzidas por autêntieos cabôclos amazônicos, aportam embarcações de toctos os tipos - montarias, palhabotes, veleiros, vigilengas, carregadas de peixe e re pletas de outros generos a1unentie10s, a fim C.!e abastecerem a capital". Mais adiante : "Numa esquisita e original confusão, as centenas dt! emoarcaçües recém-chegadas, ocupam inteiramente o espaço cta Doca, atracando poupa com poupa, proa com proa. E prossegue: "Ê Justamente às cinco horas da manhã, quando vaza a maré, que os barcos, uu1 após outro, nunam para as murau1as 1unosas e as canoas encalham os cascos . num terrível lamaçal". Logo após se le: ''Na verdade, tirando proveito das primeiras horas da madrugada, quando enche a maré, e valendo-se das condições do vento, então favoráveis, muito antes das cinco da manhã, já inúmeras embarcações singram as águas da baia, vindas de ilhotas e lugarejos da redondeza. O peixe, o teijão, as frutas, a farinha, as galinhas e as tartarugas, os cachos de bacaba e de açaí, os cupuaçús, os cestos de tangerinas, bem como os jacàzinhos de abios e os de bacurís, as cordas de caranguejos, as pencas de bananas, as verduras de tôda sorte, tudo isso é desembar– cado e colocado no chão ou espalhado sôbre mesas toscas, para o efeito de ser vendido ao povo". Para o autor do trabalho aludido, a Amazônia é privile~iada a deprender-se de suas observações - até no ciclo das marés, que têm hora fixa de enchente e vazante e duração verdadeirament e relâmpago. Sem levar em conta - está claro - o otimismo com que relata a fartura ininterrupta, nos setores básicos de abastecimento, fato que bastaria para eliminar dos planejamentos atuais qualquer programa visando à formação de uma infraestrutura alimentar, problema que na verdade constitui o principal in1pecilho ao nosso desenvolvimento. Enquanto isso, a realidade amazônica já transcende do campo puramente econômico para outro bem mais grave, que a palavra de Artur Cesar Ferreira Reis tem reiteradamente proclamado - o da soberania nacional. Felizmente, consola saber-se que as !l,Utoridades brasileiras estão atentas para o problema e dispostas a enfrentá-lo, com decisão e dignidade civica. Encontro ainda, em apoio de vossa obra. Acadêmico Armando Eordallo, a opinião de Anatole France, quando escreveu que a ciência &eparada das letras permanece mecânica e bruta, e as letras sem ciência são coisa vazia, já que a ciência é a substância da literatura. Senhor Armando Bordallo da Silva : Chegais a êste Sodalfcio com o acervo intelectual de uma oora - 104 - • • •

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