Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• • • 1. REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Por isso é que, mostrando, ainda na meninice, visíveis ten– dências paro. coisas de mecânico., sendo-lho euforia ter en tre as 1nãos relógios, gramofones, quE1lquer mfiquina, com pretensões a consertar e que talvez escangalhasse definitivamente, sonhou ser engenheiro. Chegou u construir, com velhas tábuas, uma casa, à sombra de cen- tenária ~angueira em frente à loja do pai. E tão entusiasmado ficou ao concluir sua obra, que foi buscar, lá dentro da casa, a velha avó para com êle morar. Mais tarde, já estudante, a descoberta, na Biblioteca do Colégio, de os "Enigmas do Universo", de Haeckel, obrigou-o a estudar muito para entender a obra e. o levou, finalmente, para rumos outros que não a Engenharia. Começou pela Introdução à Filosofia, de Emile Faguet. E daí, à lógica, à Física, à Química, à História Natural, chegou à compreensão do livro que a seu espírito parecia conter tõdas as respostas sõbre coisas da natureza. A Química, principalmente, se lhe tornou paixão. Em Bra– gança, instalou em casa seu laboratório, onde, nas férias, passava horas seguida5. Não era o laboratório mais que modesta coleção de reagentes, produtos químicos, vasilhames e vidrarias. Mas era seu hobbi e ali se esquecia do mundo . . . Quando teve de começar estudos superiores, já se definira. E z. resposta à indagação do pai foi o desejo de ser médico. Fêz vestibulares, começou o curso. No segundo ano, iniciou também os estudos de Farmácia, concluindo-os em 1927, sendo esco• lhido orador da turma. Afinal, em 1930, defendeu, com aprovação distinta, a tese de doutoramento: Das Vitaminas e das Avitaminoses. Trabalho de setenta e duas páginas, nêle o jovem médico tratou seguramente do assunto, com conhecimento pleno de quanto até então revelado, o que se infere pela Bibliografia apresentada. E acrescentou a isso o resultado de análises químicas do óleo do bôto, do óleo do peixe-boi, do óleo e do vinho do açaí, da banha da tarta- ruga, do tucupí e da farinha d'ãgua. • Era o fim de l!J30. Em abril seguinte, iniciav~, a vida profis• sional como Inspetor Médico Sani ti:1,rio de sua terra natal. O ESCRITOR Uma enfermidade, ainda na infância, levando-o a convalescer €lm zona praiana, despertaria no nosso Acadêmico, ao lado de seu ilus tre irmão dr. Bolivar Bordallo da Silva, o apêgo aos estudos da Geografia e do folclore. -99-

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