Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS III Depois de celebrada a ladalnha por um velho jucundo, o mais bondoso e o melhor rezador da redondeza. seu Zé, que dança e toca com presteza, vai à sala dançar, ledo e dengoso. "Não sejam moles" ! clama satisfeito aos colegas da bela companhia. "A noite inteira aqui será de festa, havemos de acordar tôda a floresta com o barulho infernal desta folia". E de fato, na sala o movimento é grande já demais, ninguém se entende : um fala, outro discute, outro dançando, batendo os pés e o corpo ·requebrando, - cheios do fogo que o "cauim" acende. E assim vai prosseguindo acalorada a festança do Zé, boêmio perfeito e o melhor dançador daquel:} zona, onde não há moçoila ou sinhá-dona que não tenha apertado contra o peito. IV E quando no horizonte, em grandes rolos de espessas nuvens, vem chegando o dia, começa a retirada dos dançantes : as môças, de mãos dadas com os amantes, combinam se encontrar noutra folia. Todos, porém, não podem ir ainda. Nas toscas bancas fica muita ~ente, a cosinhar terrível bebedeira ão bom "cauim", cansaço e da 5oneira, até tombar o sol para o ocidente. Com seu primeiro trabalho, mais estimulado pela palavra do mestre cordial que lhe apontava a herança espiritual paterna, o moço estudante marcava os rumos de sua futura atividade literária : os nMsos índios, nossas populações, nossas paisagens rurais. - 98- • •• •
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