Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• • ' • REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS teriam de nascer, certamente, preferência e gôsto pelos estudos do homem amazônida. I sso cêlo se revelaria quando, ainda secundarista, interno do Colégio "Progresso Parucnsc", ~eu pr jmeiro trabalho, em competiçio do Grêmio Cívico e Literário "Joaquim Nabuco", teve como tema "A ·mfluência do indígena na Literatura Brasileira". Ao tempo, como todo môço amante das belas letras, ao estí– mulo do velho educador Desembargador Artur Pôrto; diretor do "Progresso Paraense", escrevia seus pequenos poemas, arroubos do espírito adolescente. Uma tarde mostrou ao professor de Português, que também foi de quem vos fala, o grande Carlos Nascimento, uma composição poética. O mestre, com a sinceridade com que sabi!), aconselhar a seus discípulos, clisse-lhe, com simplicidade : "Você tem de quem herdar o estro" ... Tinha razão o insigne vernaculista. Aqui vos dou - e não sei se será surprêsa para o nosso recipiendário, uma amostra do estro ele Sebastião Silva : BAILE NA ROÇA Por sôbre a mata a noite vem chegando, com seu cortejo negro e temeroso. Seu Zé Caboclo, alegre e sacudido, tem festa em casa. Está muito entretido no a rranjo do salão, todo vaidoso. De quatro bicos velho candieiro Está pendente de ·1ma 8rande viga de madeira de lei, pinho de Ri.ga, que mastro foi d'a:gum velho navio. Essa viga atravessa a sala tôda. E dela se irradiam serepentinas, correntes de papel. . . ·E vê-se a um lado, de murtas e papoilas enfeitado, um Altar pequenino entre cortinas, II Pouco a pouco o salão se vai enchendo de moçoilas gentis da vizinhança, a rmadas de um sorriso que provoca, rescendendo a miri e piprioca e prontas para o tango ou contra-dança.

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