Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• • • ., • ~VISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Dessa instintiva pre-formação de humanismo científico, teria de resultar o pesquisador que há brindado a nossa cultura com trabalhos de valiosa contribuição. No campo da Geografia, da Antropologia, da Sociologia biológica e econômica, do folclore nacional. Para. plenamente o entender, vejamos, em primeiro lugar O HOMEM Bragança, terra natal de Armando Bordallo da Silva, cuja história, por êle mesmo revelada em sua obra, remonta à criação da Capitania do Gurupi e do Caité, no século XVII, antes que a Belém chegasse a expedição de Caldeira Castelo Branco, sentira no solo as pegadas dos franceses de La Ravardiere, em 1613. Povoada então pelos Caités da nação Tupinambás, a terra que o português Alvaro de Souza chamaria mais tarde Vila de Souza do Caité, depois de cento e vinte anos de marasmo, ressurgiria sob o nome de Nossa Senhora do Rosário de Bragança, em 1754, recebendo para a povoar trinta casais de açorianos. Assumia, daí, importância econômica e política. Dado, porém, que mais fáceis eram suas comu– nicações com S. Luiz do Maranhão que. com Belém, antes que lhe chegassem à urbs os trilhos da ferrovia iniciados nesta capital, a evolução cultural lhe teria de deixar marcantes reflexos dos clarões espirituais formadores da latinidade maranhense. Bragança, por isso, difere do restante da zona em que é o mais importante núcleo econômico e social. Não a atingiu qualquer influência da colonização nordestina nos outros verificada. Nessa cidade amável, onde os habitantes têm condições de vida peculiares face estar em zona de condições geo-físicas distintas das demais áreas ecológicas da hiterlândia amazônica, em Bragança, pois , nos princípios do nosso século, nasceu o recepiendiário desta noite. Neto materno de português, beirenses do Conselho do Pinhal chegados a S. Luís do Maranhão em 1891, sua mãe, também portu– guêsa, tinha apenas quatro anos, ao chegar, e o casal possuía outro filho, Joaquim, de dois anos. Seu pai, Sebastião José da Silva, paraense de São José do Gurupi, tinha ancestralidade maranhense, pelo lado paterno. E gostava de falar ao filho Armando de sua bisavó, a velha Anacleta, casada com um português e descendente direto dos Tupinambás da r egião gonçalvina de Bacuripanã, local não distante da atual cidade de Cururupú. Sebastião Silva aos cinco anos se viu órfão de mãe e aos 16 de pai. Antes que isso acontecesse, o rapazinho, acometido de pertinaz otite, fôra pelo pai levado a velho médico português, exilado político miguelista, residente nas cercanias de Cururupú - o velho Bittencourt, -95-
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