Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS pagou na madrugada marabaense, com ajuda da "Amansa Côrno", a melhor "cana" da região. No depois não houve até, que melhor citando os fatos que se explicam, nada mais havendo. Nada mais além dos acontecidos, amigos, que o amor Deus deixou muito vas– queiro, que nem no Paraíso houve. Lá o casal sentiu vergonha da nudez. Há, meu chefe, perguntava, acintoso, Meia-Lingua, há motivos de quem se ama ter vergonha de ver o amante nu ? A nudez é b ela, Deus deixou-a para os nossos olhos, não é chefe ? Os animais, que não têm códigos, andas nús. São imorais ? Não, chefe, é que em nós o instint o comanda o p ensar. Há vergonha de estar nu perante um grande amor ? Não há mesmo um certo conforto, um certo al'.:ea– mento, uma grandeza diferente quando um casal amoroso permanece em nudez, sem ranços nem vergonhas ? Por exemplo. França tem de ? Molecão tem de ? Duvido, meu patrão, insistia, cínico, :Meia– -Língua. Tem nada! Se hã amor, p'ra quê vergonhas cavilosas de> gentes falsas? Deus deixou restrito amor, chefes. Nós, homens e mulheres é que estamos aperfeiçoando o cujo. Devemos de, penso eu . Aqui parou Meia-Língua, ex-estudante de almanaques, muito esti– mado leitor de um tudo. O trem chegava. O Homem sorria, profundo, aceitando Meia-Língua, nas diabruras do seu falar . Era, era mesmo. (Do romance "0 Defw1do Homem") _ · 93_
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