Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

f) t> ti REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS gue-se pela idéia de que a literatura tem e deve ter uma função social", na terceira, "a evolução do seu pensamento crítico se completa, liber– tando da restrição nacionalística e socialística, o seu critério que é então, puramente estético. A obra literária ou artística é e deve ser um produto da emoção sincera. Manifestou-se assim o pleno amadu– recimento do espírito crítico, aparelhado de cultura universal, com que supria, enfim, as incertezas e falhas do seu gôsto". "As páginas que êle escreveu - revela um dos pioneiros do mcwimento modernista no Brasil - exprimem a elaboração de um espírito fürte, insigne, admirá,.vel, erguido muito acima das cogitações vulgares do mundo". As obras de JOSÉ VERfSSIMO não o imortalizaram num movi– mento de universal repercussão; todavia, criticou com elevado senso, apreciável compostura e notória competência, tudo que de mais im– portante surgiu em matéria de literatura. E é oportuno observar.se que a critica literária, como a considera o líder católico brasileiro, "não é uma atividade parasitária da literatura de criação e a ela contraposta, porém uma atividade autônoma, apenas distinta da ativi– dade criadora, mas cheia de contactos com ela e representando, antes de tudo, uma concepção geral da existência". PÉRICLES MORAIS, o plasmador mirífico de "Figuras e Sen– sações", traçando o perfil luminoso de ANATOLE FRANCE - "a fina flor do gênio latino" - referiu-se à sua volutuosa peregrinação através das velhas idades e das experimentadas sabedorif!.S, cuja obra resume séculos de arte e séculos de pensamento. A semelhança do "mais clássico dos escritores francêses e do mais latino dos pensadores contemporâneas", JOSÉ VERfSSIMO - o mais meditado e bem dotado de nossos críticos naturalistas, no dizer de ANDRADE MURICY - perlustrou, com proficiência, todos os meandros, em busca da magnitude da difícil arte que êle transformara em sua profissão mental, ascendendo às regiões da mais sublime espi– ritualidade. No efêmero lapso de tempo que é a vida em relação à ·eterni. dade, uma tínica fôrça persiste palpitante em intermitências admiráveis como o relâmpago na treva de uma noite profunda : o pensamento consciente. l!:sse foi o magistral apanágio que jamais se apartou do cérebro esclarecido do paraense ilustre - falecido a 2 de fevereiro de 1916 - norteando, sem variações, tôdas as suas belas e nobilitantes iniciativas. - 91

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