Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
• ti REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Jigêncía não possuía requintes e se em seu estilo não havia opulência como disseram seus opositores, foi, não obstante, de uma honestidade inatacável - conforme asseverou RONALD DE CARVALHO - demons– trando em seus escritos talento e erudição. Estilo aprimorado, de fato, não o tinha - o que igualmente ocorrera com SILVIO ROMERO, sem embargo, "um dos mais nobres exemplares da cultura européia no BRASIL" - circunstância que não deslustra a vivacidade de seu espírito fulgurante e o vigor de sua mentalidade robusta. Ademais, não podendo exigir-se de um escritor total comple– xidade de conhecimentos, o exame criterioso, a análise escrupulosa, !.1. decisão justa acêrca de variados assuntos, foram as características de sua crítica, que êle entendia, objetivamente, como "o estudo arra– zoado da obra de arte, para descrevê-la, defini-la, explicá-la em si mesma e nas suas . relações e verificar como ela corresponde às intenções do autor". Nêle jamais se exteriorisou ou teve prevalência a conceituação ó.e GRIERSON, segundo a qual tôda a crítica emitida sob a influência da paixão, morre com o indivíduo que a emitiu. "A JOSÉ VER!SSIMO coube, sem contestação, o cetro da crí– tica literária no BRASIL - revela FRANCISCO PRISCO - não só porque a ela quase se dedicou exclusivamente, fazendo profissão de crítico, mas também pelas aptidões que tinha para o mister, dentre as quais se sobreleva a sua singular virtude de ser um homem inte– gralmente justo, perfeitamente equilibrado, absolutamente indife– rente às impressões alheias causadas pelas suas opiníões". Essa apreciação é corroborada por dois depoimentos valiosos : o primeiro, de ARARIPE JúNIOR, quando afirmou que "os trabalhos de crítica de JOSÉ VER!SSIMO poderiam ser colocados a par dos mais audaciosos pensadores brasileiros" e O segundo, de RAMIZ GAL– VÃO, para quem JOSÉ VER!SSIMO era "homem de caráter, cidadão íntegro que, alentado pelas suas convicções e inspirado pelo seu patrio• timo, não curvou a cerviz em tempo algum ao mando de interêsses vis e de conveniências falazes; altivo e nobre, não sacrificou jamais a dignidade própria às soluções do lucro e das posições". "Mestre da intelectualidade brasileira e um dos mais dignos expoentes da civilização contemporânea" no dizer de RUI BARBOSA, além de manter-se sempre alheio às competições pessoais e aos grupos f' partidos literários, JOSÉ VER!SSIMO estereotipou sua elevada cultura em muitas obras admiráveis, sobretudo nos três volumes de "Homens e Coisas Estrangeiras". S!L'Q'IO ROMERO - outra grande figura da crítica nacional, porém de temperamento arrebatado - que atacara rudemente JOSÉ -89-
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0