Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Senti uma espécie de fascinação. O espírito de Elias era grande por todos os lados qw~ se abordasse. E depois, declamava bem. O que ? Os maiores clássicas do mundo. Fez.me compreender a fundo Vergílio Publo Maro (êle chamava Vergílio), Homero, Ana– creonte, Tácito. Enfim, possuía uma alma de moço. E que alma! - Profundamente ilustrada. Lembrei comigo, o erro em que laborara Acilino. E disse para mim : "Como é que um espírito formidável destes, não está na Academia ? ! - Inconcebível ! ... O seu escritório de advogado era na rua 15 de No– vembro, em frente ao London Bank, onde está hoje um arranha-céu. E dei de aparecer ali, fiado no seu acolhimento bon– doso. Um dia disse-lhe : "Dr. Elias, falando com o dr. Acilino, sôbre o seu conhecimento da literatura antiga, su– geri-lhe convidar a Academia ao Senhor, para ali fazer uma conferê,ncia. . .1!:le ficou por momentos, calado, quase recusando. Depois respondeu categórico : - Pode ser . Apertei-lhe a mão, agradecido. Concordamos, então, que a palestra seria, conforme recomendação que eu já tinha do Presidente, no primeiro domingo do mês a entrar. No dia marcado, ao penetrar, o dr. Elias na séde do nosso Silogeu, que ainda era na Escola Normal, para fazer uma dissertacão sôbre a ENEIDA, vários acadêmicos e admi– radores seus,· prevenidos pelas not~cias dos jornais, recebe– ram-no com aplausos, ansiosos que se achavam pela pala– vra autorizada do mestre. Com voz clara e firme 1 depois da acolhida do presi– dente dr. Acilino de Leão Rodrigues, Elias Viana empolgou o auditório, que nunca havia esperado que. um devorador de calhamassos jurídicos, discorresse cousas sobre Publo Ver– gílio Maro, com as delícias de um poeta. Os jornais no dia seguinte coment~ram c~m louvor a tertulia sôbre o autor da Eneida, que havia enchido a todos, da mais viva satisfação. Passaram-se muitos meses, Acilino já havia falecido. - E a sua entrada para o Silogeu? - perguntei de surpresa, certa ocasião . -93-