Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Tudo, sem mencionar a_ magnífica biblioteca tôda en– cadernada a capricho. Eram êle e irmãos: Raimundo, engenheiro, avô do dr. Raimundo Viana; Joaquim, lente de física e química, pai dos drs. Aurélio e Edgar Viana; e Agostinho, jornalista, o mais nôvo, que morreu cêdo, e trajava roupas escuras e sapatos brancos. O mais notável, porém, foi Elias, que teve um filho médico, Mário Viana, residente no Rio de Janeiro. Criou mesmo uma auréola de talento que dava-lhe ao nome, destacado prestígio. · Além disso, o seu prédio residencial, o melhor do seu bairro, sempre bem pintado e conservado, tinha vulto de palacete nobre. Mas Elias Viana era realmente, um homem retraído da Sociedade. O seu nome como advogado de nomeada tinha c1iado fama. A sua coleção artística despertava curiosidade. E nos 15 anos da filha, lá resolveu abr~r os seus salões para recepcionar o grande mundo. E Belém em peso, na secção que tinha fumos de alta roda, acudiu pressurosa ao convite do anfitrião ilustre. Comparei o e-aso, com o que sucede com as famílias fidalgas da Europa. Não se avistam; pouco se vêem; mas são quase parentes pela solidariedade de castas . Vultos eminentes na Política, nas Finanças, nas Letras, e nas Ciências viram-se na obrigação de comparecer à festa, que era como uma au– têntica parada de elegância. Elias foi sempre um advogado íntegro, sábio e aus– tero. Os seus pareceres jurídicos, como disse, tinham um subido valor. Duma feita, lembrei a Acilino de Leão, a atração dêle para a "A. P. L. ". E Acilino disse-me : "O Elias é "Pão Duro". Não se preocupa com assuntos literários. Tendo eu, porém, certa vez, escrito na "Fôlha do Nor– te", um artigo sôbre Semântica~ e encontrando Elias, de que já fôra vizinho, falou-me êle sobre o tema por mim espla– nada . E vai, me ofereceu uma obra que lhe dizia respeito. E eu desta maneira mais em intimidade fiquei com o advogado emérito. . E fui assim, aos p~ucos, desc~br~do facetas de gran– de brilho na cultura polunorfa do JUJ1sta eminente.
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