Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS cessidade, é a que, mais se lhe deve acomodar. Se a intuição criticista espancou da ciencia o sobrenatural, indicando o cará– ter e a seriação de tôdas as crenças humanas, se colocou-o em região inacessível ao pensamento, quando mostrou as leis da evolução histórica, não deve a poesia ser obstinada em conser– var suas velhas fantasias (Em Estudos de Fil. de Dir, pág. fün. As velhas fantasias, para Sílvio, eram nada mais que os postulados do Romantismo, que no prólogo de Contos do fim do século, chamou de .um cadáver e pouco respeitado, um mo– vimento desordenado de admiração pelo passado, e mais tar– de classificou: uma_implantação de estranhos para atmosfera mental não adaptada (A Lit. bras. e a cultura moderna pág. 12) e contra a qual iniciou um movimento de reação, numa cam– panha larga, tenaz e iconoclasta, por vezes virulenta, e qtte abrangia não só o que então chamou os "crimes" do romonan– tismo, como pessoalmente, os mais altos representantes da es– cola romântica. Para Sílvio, o romantismo já dera o que podia dar no Brasil, terminára, definitivamente terminára com o mo· vimento de Recife, de que foi Tobias o chefe incontestado. Chegára mesmo, ao estudar as fases evolutivas da lite– ratura brasileira, a ~ixar-lhe uma data, 1875, com o aparecimen– to dos Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica, de Tobias. Daí em diante, era o periodo da reação crítica ou naturalista, o pe– ríodo das reações anti-romanticas. Reportando-se a poetas dessa fase, e especialmente, a Castro Alves, escrevia êle no Comp. de Lit. Bras., pág. 247: a função histórica da escola condoreira, foi arrancar a poesia na– cional da modorra choramingas em que andava a esmorecer-se e chamá-la a interessar-se por assúntos mais humanos, mais ele– vados, mais nobres, mais impessoais, dando-lhe ao mesmo tem– po um estilo mais vibrante e mais largo. Fechou o cido do ro- mantismo. Se a sua observação era justa, a interpretação que dava como teórico, ao fenomeno romantico no Brasil, nem sempre era desapaixonada e equânime. Antes! te~~rári~ _e desarrazoada, senão destoante de sua cultura e mtmçao cnbca. E talvez por isso, o seu senso de objetividade, ou melhor, o seu senso de .Jlledida, se perturbou, levando-o a exageros e a deformações e não raro a conclusões q~e _uma análise fria e se– rena não poderia justificar. t que Silv10! quandto ª!rebatado por uma discussão ou por uma tese, considerava mmt~s vezes provado aquilo que estava por provar. u:n fato p~ra ele, nem sempre era apenas um fato, urna presu~çao, um s!~ples argu– mento, mas já uma conclusão, porque tinha a volupia de con- cluir, de generalizar. -82-

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