Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS rapto histórico como o das Sabinas"; "O irresistível Narciso", e outros que lembram a Fialho e a Camilo, e que qualquer dêstes luminares da Lusitânia, se vivos, os subscreveriam cem agràdo. * * DJARD DE MENDONÇA foi dos raros bachareis em direito que não procurou refúgio em emprêgo público. Sem inclinação, ou melhor, sem disposição para a advocacia, vi– veu da sua pena de jornalista. Em 19·20 tentou uma cá– tedra no atual Colégio Paraense "Paes de Carvalho" e se preparou para disputar a caq_eira de "História do Brasil" com um interessante traball~o que intitulou : "Da desco– berta do Brasil" - êrros e controvérsias", sustentando, en– tre outros, o ponto de vista d~ não ter sido "Pôrto Seguro" aquêle em que pela primeira vez fundeara Cabral, e sim a baía "Oabrália". Afirmaram unanin1emente os que tiveram a felicidade de assistirem o Concurso, haver êle, nas provas a que posteriormente se submetera, defendido brilhantemente seu trabalho, obtendo classificação ótima. Não foi, entretanto, nomeado, perdendo, assim, a ju– ventude ginasial da época, um grande Professor. ~le o se– ria com certeza. * * Grande espírito e grande coração, sabia como nin– guém, contagiar de alegria um -ambiente. Por essas suas qualidades, foi, atidos à velha e sediça signüicação dos lé– xicos, considerado um boêmio, um esturdio na acepção de– finitiva. Sua BO:ll:MIA, porém, poder-se-ia escrever eni m~iúsculas, numa definição de Culto à Beleza, à Alegria de Viver, que envolveram em união fraternal às figuras màis eminentes das Letras e das Artes de Portugal, no grupo "dos Vencidos da Vida", e no Brasil, pela mesma época, BHac, Al– berto de Oliveira, Coelho Neto, Emílio de Menezes, tantos e tantos outros nomes aureolados . Aquela alegria, aquela verve extraordinária, aquêle encantamento, que nos proporcionava sua belíssima inteli– gência, na ginástica cerebral dos trocadilhos e ,a maneira como ironisava fatos e homens, eram apenas demonstrações positivas de uma radiosa Mocidade, que foi diminuindo, que foi desaparecendo ao toque do estilete das decepções e das amarguras, a tal ponto que nêle tudo se modificou para um estado de verdadeira introspecção. -71-

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