Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS sim, e quando preciso, completavam-se por pungente sati– rismo. Como orador - aquêle tímido da juventude, aquêle moço infenso à -0ratoria - possuía a magia de uma comu– nicabilidade e atração superiores. Na tribuna acadêmica, como na popular, empolgou sempre pela limpeza e segu– rança da frase, pelo contexto do discm;so, pela precisão do conceito. Suas orações eram sempre hinos patrióticos contagiando de entusiasmo a quantos o ouviam; ou verda– deir•as canções melodiosas, refl01idas de beleza. Um stradi– varius, em surdina, a soluçar romanzas, impondo pela emo– ção transmitida, silêncio, ~.-ecolhimento e, não raro, lágri– mas. De uma feita, solicitado a fazer a apresentação do escritor Carlos Cavaco, representante da intelectualidade gaúcha, que se propunha e realmente realizou magnífica conferência sob tema muito do·agrado lusitano, Dejard, no nosso Teatro da Paz, perante enorme e culta assistêinci,a, empolgou de tal modo, conseguiu pela miraculosidade de sua pa1avra transmitir tanta vibração à assistência, que quase resulta em fracasso para o conferencista. Ouvimo-lo, certa vez, numa _pàlestra subordinada ao tema "A caricatitra na literatura e na Arte" . J. Carlos, o magistral J. Carlos, estava, então, no apogeu de sua Arte, desfrutando, no país, daquela incomparável popularidade que lhe dera a charge política nas revistas cariocas . . Deiard comparou-o - e com que mestria ! - ao panfletário, ao orador que consegue levantar multidões contra indivíduos e pontentados, vencendo pela ridicularização dos seus cari– caturados. No conjunto dessa peça literária, produziu um dos seus mais soberbos trabalhos de análise crítica. Outro memorável discurso pronunciou-o nesta Aca– demia~ na sala da Congregação da antiga Escola Normal, quando, a 7 de fevereiro de 1930, saudou e:qi nome do Silo– geu, a Augusto de Lima - o poéta e magistrado mineiro, depois Político, e ao tempo Presidente da Academia Brasi– leira de Letnas, vindo até nós como figura principal da Ca– ravana da "Aliança Liberal". Fez Dejard um belíssimo es– tudo da vida do autor de "Contemporâneas", conseguindo, de improviso, uma oração surpreendente pela forma e idéias desenvolvidas. Nas solenidades maçônicas, nas comemora– ções cívicas, em banquetes e reuniões, onde quer que exigida sua palavra, sempre ouvida em alocuções requintadas, cir- -69-

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