Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS Eramos dos clássicos reporteres principiantes. Uma tarde, em casa do incomparável Adriano Jorge, numa ma– nifestação política que promoviam em sua homenagem, um orador moço, fluente, manejando a língua com facilidade, cheio de belas imagens, entusiasmado e arrebatador, er– gueu-se numa vibrante saudação . Era Dejard ! Trabalhou depois por ,algum tempo no mesmo "Correio do Norte", não tardando, entretanto, em retornar a Belém. É que, apesar de amazonense, de tal modo ligara-se ao Pará, que só aqui, como sempre repetia, sabia viver. E aqui diplomou-se em direito pela nossa Faculdade, em 1912. Com o vírus do jornalismo. depois de várias passagens por gazetas alheias, fundou, a 22 de março de 1917, "O Im– parcial", jornal que, com pequenas interrupções, dirigiu até morrer. Dêsse vespertino fez sua grande tribuna e dela comandou, transformando seu verbo }apidar em couraça e fazendo de sua pena destra a grande espada, memoráveis batalhas. Dentre elas, pelo que atingiu de extraordinário, figura nos nossos an3:is político-histórico, numa arrancada de regeneração de costtgnes, de moralização administrativa, de conauista da liberdade · eleitoral - numa época em que o abastardamento corroera o .regime e ameaçava as Insti– tnicões - a que teve por Bandeira eleger o cidadão dr. José Carneiro da Gama Malcher, na primeira tentativa, governa– dor do nosso Estado. Nessa pugna viveu entre sua banca de i0rnalista e o comício das ruas, num dos quais, realizado no antigo "Largo do Palácio", ia perdendo a vida. Custou– lhe-, entretanto, as malhas de iníquo processo criminal, que ob.ietivara provar sua responsabilidade pela morte de um dos populares em quem a própria polícia - "mamtenedora ri.a ordem - fizera atirar. Estava consumado o homem de imprensa e o tribuno. Como homem de imprensa - completo no metier _ ficou sagrado polemista de raras qualidades ,e panfletário temível. Seus artigos nunca fôram amadurecidos à custa de insônias. . . Boslava-os de ~ma , ass~n~ada, e, quando necessário, fazendo descer as . tiras 8; oflcma, à proporção que as completava. Conhecendo a l_mgua e escrevendo de modo impecável e atra~nte, seus a1:ti~os de polÊmica eram chicotadas de ducha fna no adversar10, ao qual feria rude– mente na rutileza de irônica zombaria. Se não eram as- -68-

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