Revista da Academia Paraense de Letras 1964

DUAS VIDAS, DOIS ·RETRATOS (Discurso pronunciado por SANTANA MARQUES, na sessão de 3-5-63, da Academia Paraense de Letras) Antes de tudo, caríssimos confrades da Academia Pa– raense de Letras, desejo agradecer-vos a honra que me confe– ristes de ser eu o orador oficial desta solenidade. Não vá acontecer convosco e os demais ouvintes aquilo que Antônio Vieira vaticinava para um auditório do seu tempo: vir iludido com o pregador e sair desiludido ~m a pregação. AUGUSTO MEIRA E PAULO MARANHÃO Augusto Meira e Paulo Maranhão seriam assunto para dois oradores diferentes: um jornalista militante e um jurista perfeito. Um jornalista como qs combatentes da Guerra de 14, com os pés enterrados na iama da trincheira. Um jurista afeito à meditação daqueles que, desde Solon, deram às leis a acuidade de uma bela inteligência e a dedicação de uma grande vida pú- blica. Ora, como homem de jornal, eu estou perdendo as ca- racterísticas da minha profissão; apenas sou o articulista, a quem se conferiu a tarefa diária de escrever o que uns chamam crônic,a, outros tópicos, outros suelto, ainda outros nota e, enfim, a maioria coisa nenhuma, porque os nossos melhores amigos são aqueles que não nos lêem e por isso não têm opor– tunidade de nos julgar mal, como merecemos. Na seára em que os juristas pontificam a aclarar as estradas do mundo, eu sou leigo e bisonho; a única coisa que ficou na minha memória como reminiscência das letras jurídicas, foi a célebre definiçã~ clássica de UIpiano, "Jus est ars boni et aequi", o direito é a arte de ser bom e ser justo, magnífico lastro para uma cons- -59-

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